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Conheço Bruno Lage há quase 19 anos. É uma excelente pessoa, um “rapaz” humilde e genuíno, talvez demasiado “bonzinho” para não ser triturado no mundo do futebol.
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Há quem diga, que Mourinho é arrogante, não o conheço (ainda) pessoalmente, mas não me surpreenderia, se aquela postura, não fosse mais do que um “mecanismo de defesa” que emocionalmente, lhe permita sobreviver num meio tão inclemente, e rodeado de “patronos” tão nervosos.
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Quando o Mister Lage chegou há uns meses, fiquei feliz por ele, pois desejo-lhe SEMPRE o melhor (€€€€€), e sabia que ele é um bom treinador, embora, com algumas limitações (não necessariamente, técnico-tácticas).
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Mas enquanto adversário, não fiquei excessivamente preocupado, pois, a meu ver, Lage é um treinador de efeito passageiro (e que, geralmente, se prende especialmente, com uma maior ética/carga de trabalho que ele exige aos seus comandados), e a única questão, é quanto tempo duraria esse “efeito”… 1 ano? 2 meses?
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Atendendo, a que esta já é a sua segunda passagem pelo Clube, e que ele carrega consigo o estigma de já nele ter fracassado, tal levou-me a crer, que o efeito passaria mais depressa do que mais tarde. Duvido que Bruno Lage esteja a comandar o benfica em agosto de 2025.
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Objetivamente, ele obteve um ‘modicum’ de sucesso (em setembro, outubro e novembro), mas relativamente cedo, foi-me possível descortinar alguns indicadores ou “fantasmas” do Lage que vimos fraquejar na primeira metade de 2020.
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Pela sua personalidade “branda”, não acho que Lage esteja fadado para o sucesso, em Clubes cuja massa adepta ande quase sempre em polvorosa, euforias e depressões.
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Penso que neste final de 2024, estão a convergir vários factores que podem precipitar uma crise (que pode ser mais o resultado de ansiedade, pessimismo e idiotice, do que andaimados na realidade).
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O ímpeto está a abrandar, Otamendi (36 anos) quer férias, Di María (36 anos) parece ter o mesmo efeito sobre esta equipa que o “Sr. Aveiro” tem sobre o Al Nassr…
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Tomás Araújo está a descer de forma, António Silva quer sair, “Karen” Akturkoglu não marca há 6 jogos… É uma “promissora” confluência de agentes, possivelmente, a formar a “Tempestade Lage”
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Já no Sporting, neste momento, a equipa faz-me lembrar a Feminina, quando as fui ver jogar a Marvila a 13 de outubro, e jogavam (muito) pouco, pois tinham muitas unidades em sub-rendimento ao mesmo tempo, por esses dias, só se safavam a Neto e a Telma.
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Ontem, no masculino… o Quaresma e Geny jogaram muito, e Gyokeres e St. Juste estão num nível bastante razoável. Quiçá, com esta vitória, outros 7 também ganhem estaleca.
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Foi um triunfo que valeu 3 pontos na desportiva, mas na psíquica, talvez possa valer uns 9. Neste momento, na ausência de consistência e nota artística, contentar-me-ia, com alguma sorte, para podermos assinar um ciclo de vitórias que nos permita recuperar a equipa e assimilar novos automatismos.
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Há menor tolerância para Lage do que haveria para outro treinador mais fresco (ainda que, menos capaz), e provavelmente, mais um resultado menos satisfatório, e a casa benfiquista vai implodir em cima dele. Sinceramente, acho que é apenas uma questão de semanas, até Lage ser “traído” pela “neurose” da massa adepta e talvez, pelo populismo de quem detém o poder executivo.
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Quanto ao jogo de ontem, mais benfica na 2.ª parte, mas MUITO mais Sporting na 1.ª. Um resultado mais fiel, talvez tivesse sido um 1-1 ou 2-1. Mas mais do que um Sporting superior ao benfica, penso que o que vi, foi um Rui Borges suficientemente melhor do que Bruno Lage.
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Ao fim de 30-40 minutos na 1.ª parte, já se percebia que a dinâmica ia mudar, que vinha aí outra “maré”. Mas mais do que mérito de Lage ao intervalo, penso que isso se deveu, ao facto dos “reactores” de Hidemasa Morita terem sobreaquecido e as suas pernas começado a fraquear.
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De resto, diria que 80% da equipa verde-e-branca não “estoirou” fisicamente, mas que tiraram, sim, o pé do “acelerador” entre os 40 e 80 minutos. Mas nos derradeiros 10, já com Simões e Fresneda em campo (sucedendo aos “rebentados” Morita e Quaresma) e coadjuvados por Harder e Maxi, os “Leões” reassumiram controlo das operações e carregaram sobre os forasteiros.
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Borges parece ser a personificação da simplicidade eficaz. Não tem muito carisma, mas tem uma aura de genuinidade, de alguém que aparenta crer em tudo aquilo que vocaliza. Um “Pai” sereno e humilde, que elogia os seus e responsabiliza-os sempre de forma positiva.
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Talvez fosse somente isso, aquilo que esta equipa “órfã” necessitava. Alguém discreto, menos nervoso, menos narcisista e mais experiente. Alguém que crê neles tanto quanto acredita em si próprio. Alguém que acredita, em vez de alguém que afirma (bombasticamente) que acredita.
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Há muitos pseudo-líderes que se convencem que ser líder é levantar a voz, dar murros na mesa, prometer agressividades e manifestar-se via teatralidades e posturas hiper-masculinas, etc. Mas ser líder não é nada disso, mas sim, ser calmo, responsável, e saber resolver os problemas que se vão apresentando. Outros conceitos de liderança e de masculinidade, só se forem concebidos nalguma taberna, por bêbados e velhos domiciliados no Restelo…
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André Carreira de Figueiredo (26.816-0).
30/12/2024.
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P.S. Trata-se talvez de um pormenor, mas pessoalmente, não deposito excessiva confiança, numa equipa técnica que contenha, Luís Nascimento, Nuno Matias, e anteriormente, Fernando Ferreira. Conheço-os pessoalmente (tal como conheço Lage, por quem continuo a ter estima), e não quereria qualquer um dos 3 no meu balneário.
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