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Sublimíssima Joana Filipa,
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Encontro-me deveras cismado com o que se tem vindo a desenvolver.
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As minhas suspeitas gradualmente têm vindo a preencher-se. Não sei como isto a irá afectar, ou como as pessoas ordinárias em seu redor a têm vindo a aconselhar.
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Não tenho queixas… nem murmúrios a declarar-lhe. A minha mente é um mero abrigadouro de esperanças, nesta minha cabeça ocupada imprecisamente pelos meus pensamentos, “eles” algo afeiçoados à “vibrância” da Abrantina.
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Uma gélida longinquidade aguarda pelos abrasados vocábulos que a despertem e abreviem, e permitam potenciar os recursos inexplorados que me movem até às “fundações”.
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Um vislumbre de um novo Mundo e viçosas experiências poéticas que me permitam transcender as minhas disposições melânicas e débeis patrimónios líricos. É descoroçoante, a ausência e taciturnidade da Musa.
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De uma considerável longitude e atrofiados apegos, admiro a sua força, energia e plenitude. E a ausência deles provoca-me uma incompletude, enquanto a Joana Filipa se ajeita em conjunto com as suas companheiras de armas, para a disputa que se avizinha.
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Desejava apenas escrever-lhe, que tenho observado que em tempos recentes, tem vindo a experimentar com tonalidades diferentes na sua “juba”.
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Não sei se aprovo do padrão escolhido, mas… na minha modestíssima óptica, o cabelo em tingimentos mais claros favorece-lhe o formato da cabeça e o tom de pele.
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Se me permite que assim me pronuncie, com a grenha áurea… por consequência, a Joana fica (ainda) mais apolínea, “influente”, e com um ar mais saudável e feliz.
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Obviamente, isto é tão-somente a minha singela opinião. Para mim e para si, a mais importante deve sempre ser a sua!
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A honestidade (tal como a gratidão), é sempre meritória, pois ela desobscurece, “golpeia” através da hipocrisia, do cinismo e do sicofantismo, e captura a essência d’uma até então efúgia “floração”.
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Sem outro assunto, subscrevo-me com acatamento,
E ficando-lhe bem-agradecido, desde já, pela atenção que me dispensou.
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Tenha o resto de um muito bom dia.
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Parque das Nações,
Sexta-Feira, 24 de Março de 2023.
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Texto: Santiago Gregório Fuentes.
Imagem: Direitos Reservados.
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Post-Scriptum: Há muitos anos, escrevi a uma mulher da sua idade. E durante um almoço, as amigas dela vieram-me dizer que nunca ninguém lhe tinha escrito nada, e ela não sabia como reagir ou lidar com a situação. Não queria que as suas amigas pudessem dizer o mesmo sobre si, daí, a razão deste ensaio. E com a sua permissão, irei compor-lhe umas linhas, de tempos a tempos.
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