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Bom dia Kelly Rayanne,
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espero que esta carta a encontre bem,
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O meu nome é Santiago Gregório Fuentes, e sou “patrono” semi-regular do “seu” estabelecimento comercial. Aquele “freguês” que compra muito Sumol de Ananás sem açúcar e Chicletes de Canela sem açúcar.
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A Kelly é uma simpatia, humilde e muito educada, e eu… eu sou “apenas” alguém que gosta de escrever cartas, sempre assim fui. E estes dois “factores” “harmonizaram-se”, e como resultado, decidi escrever-lhe esta prosa durante a quadra natalícia.
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Há umas semanas que andava a pensar ortografar-lhe uns parágrafos para lhe desejar boas festas e excelentes entradas.
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E há coisas que são melhor escritas do que “cavaquedadas”. Afinal de contas, ir ao seu local de trabalho dar-lhe cumprimentos natalícios poderia ser uma situação (socialmente) constrangedora, para mim, para si, e para quem mais, tais mesuras testemunhasse.
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Além disso, é mais elegante compor algo. E acredite, eu ao longo do ano, exclusivamente para minha auto-recreação, escrevo literalmente centenas de missivas, a toda a gente, desde a minha esteticista, à Junta de Freguesia, até ao Ministro do Ambiente e da Ação Climática. Gosto de me expressar dessa forma.
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Um dos problemas de sermos gentis, bondosos, amigáveis, etc para com alguém do sexo oposto, é que ela(s) por vezes, presume(m) demasiado, quase como… se fosse impossível um homem e uma mulher (e neste caso, um deles com idade para ser Pai da outra) poderem ser civilizados e corteses um para com o outro, sem qualquer “interesse” que não seja um de natureza platónica ou exclusivamente civilizada e humana.
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A maioria das mulheres parecem só perceber isso quando já estão tão “velhotas”, que então, a amabilidade dos homens já não pode ser mal interpretada, é apenas gentileza básica, e sem “strings attached“.
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Hoje em dia, as pessoas socialmente são tão “agrestes”, que se alguém tentar ser cavalheiresco, tratam-na como se tivesse acabado de chegar do século XIX…
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Nem sempre é fácil navegar nesta sociedade “moderna” permeada por um variegado de “Manos“, “Bués“, “Yas“, “Litrosas“, ou a pressa impudente que têm em conjugar frases com pronomes pessoais na primeira pessoa do singular. Só por aí, com toda essa “poluição”, já é uma boa razão para ninguém querer ter perfil no Twitter.
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No passado dia 10, ia a entrar, e como de costume, estava à porta aquele “rapaz” que anda a pedir esmola, sempre acompanhado de um cãozinho e a fazer malabarismos. Infelizmente, ele tem aspecto de toxicodependente.
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Eu entrei, comprei um cacho de bananas por menos de 1.50€, fui lá fora, ofereci-lhe os víveres e desejei-lhe um feliz natal. Ele ficou agradado, e as bananas sempre lhe irão dar mais energia e “calor” do que as cervejas que habitualmente o vejo comprar.
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As bananas podem não ser gratuitas, mas a bondade ainda é. E sempre achei que a gratidão e a bondade eram duas das virtudes mais admiráveis num ser humano. E por essa razão, devemos sempre “investir” nelas e nas pessoas ao nosso redor que possuam essas faculdades. As acções falam mais alto do que quaisquer “tweets” moralistas ou discursos santimoniais.
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Em anexo (no envelope pequenino), seguem 5€. Peço-lhe que até ao dia 24 do presente mês, encontre espaço no seu coração para com esse meu donativo monetário, a Kelly comprar 3 cachos de bananas.
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E depois, vá lá fora, olhe o “rapaz” nos olhos, sorria embevecidamente e ofereça-lhe essa comida. A Kelly não faz ideia o quanto o sorriso de uma moça simpática e feminina pode revigorar psicologicamente um homem.
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Espero que goste dos chocolates que lhe envio, não têm açúcar refinado, e por isso, não lhe irão fazer mal ao fígado.
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Desejo-lhe um Santo e Feliz Natal, para si e para todos os seus.
Grato pela atenção, tenha o resto de um bom dia.
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Com amizade e respeito,
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Santiago Gregório Fuentes (aquele gajo que anda sempre de máscara e tem uma mochila do Sporting).
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