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“Querida” (Har)Mónica,
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Quando eu vou ao supermercado, costuma estar à porta um “rapaz” com um ar “pútrido” (penso que seja toxicodependente), geralmente acompanhado por um cãozinho. E o rapaz faz truques de malabarismo na esperança de receber umas moedinhas. As quais depois, infelizmente, vai lá dentro gastar em cervejas.
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Imagino o quanto uma pessoa com aquele aspecto tão deteriorado se deve sentir à margem da sociedade, descartado, sozinho, menos do que humano.
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Há dias, ia a entrar, e fui à secção de fruta comprar um enorme cacho de bananas. Fui lá fora, ofereci-lhe a comida e desejei-lhe um feliz natal. Ele agradeceu-me com um sorriso invulgarmente benévolo. Penso que ambos saímos recompensados daquela transação, ele com Hidratos de Carbono Complexos, e eu com o “coração cheio”.
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Talvez há muito que ele não sentisse a bondade de um estranho. Eu até estava com receio que ele fosse ficar ofendido com o meu gesto de caridade.
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Eu não te(se me permites que assim te trate… Se não permitires, avisa, e asseguro-te de que não voltará a acontecer) conto isto para me vangloriar, mas a verdade é que tive esse gesto por ele, mas também por mim, pois faz-me sentir bem ser gentil e bondoso para com pessoas desconhecidas (de preferência, do sexo feminino…).
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No dia 24, irei dar a uma das moças (a mais bonita) do supermercado 5 euros, e pedir-lhe que vá lá fora olhá-lo nos olhos, sorrir-lhe e ofertar-lhe 20 bananas. Quando terá sido a última vez que uma rapariga bonita lhe dirigiu uma palavra com afeição?
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Penso que a razão porque menciono isto, é porque nesta nossa actual sociedade moralista (para não dizer mesmo… santimonial) e politicamente correcta, por detrás de cada perfil de Twitter há alguém a acusar outrem disto e daquilo. Ou a lamentar-se por ninguém fazer aquilo ou isto.
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Eu não sou dado a activismos (excepto por um par de causas, e que nem sequer são especialmente “modernas”), mas quando posso, gosto de minha livre iniciativa ajudar os outros.
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Faz-me sentir bem, e recuso-me a recriminar-me por esse “egoísmo” auto-satisfatório cujos efeitos práticos resultam em ajudar os mais necessitados. Duvido que alguém seja caridoso para se sentir pior em relação a si própria.
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Confesso que me faz alguma “espécie”, quando vejo umas futebolistas, que andam a praticar boas acções, mas quase sempre do topo dos seus “marfinescos” Twitters, a debitar moralidade e pseudo-eruditismo em ciência políticas (sim… eu vou mesmo aceitar “dissertações” de moças que nem sequer quiseram estudar, não têm experiência de vida, e metem no Insta fotos de livros que nunca leram…) e benfeitorias.
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Penso que se isso fosse genuíno, há muito, que de livre vontade podiam ter ido à Câmara Municipal de Abrantes (por exemplo) oferecer-se para fazer voluntariado. Dar cobertores aos sem-abrigo, fazer sopa para os pobres, atender o telefone a mulheres (e homens) vítimas de violência doméstica, limpar as praias e matas, animar doentes no Instituto Português de Oncologia, etc.
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Mas não, só as vejo opinar sobre Trumps, Bolsonaros, Borises, etc. Se eu já acho os politólogos da SIC Notícias uns “palhaços“, então que dizer de umas “aldeãs” que nem sequer sabem nada – ou parafraseando Oscar Wilde… “nem sequer sabem que nada sabem” – mas querem criticar algumas pessoas que andaram nas melhores universidades do Mundo, e em alguns casos, são culto-intelectualmente predestinados.
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O problema de muitos moralistas matarruanas, é que repetidamente confundem a sua (suposta) autoridade moral com autoridade intelectual.
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Pelo que sei, casaste e és Mãe. Devo dizer que tens o mesmo aspecto que tinhas quando te conheci em 2006. Se estou surpreso? Sim, estou, mas é uma boa surpresa. Surpreso, pois todos os homens na FPF diziam (e penso que o faziam sem especial maldade, era apenas a faceta deles de “cabeleireiras de bairro“) que tu eras… bom, que gostavas muito do detergente “Homo“, se é que me faço entender…
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E pessoalmente, não estou convencido de que não gostes… da música dos “Village People” ou dos “Pet Shop Boys“. Esse “penteado“, esses brincos e forma como te vestes, isso faz soar os “alarmes” (não que essa “condição” seja alarmante, de todo!).
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Curiosamente, tanto tu como a Ana Borges são super femininas (e humildes), aliás, reparo que esse atributo parece ser mais comum em mulheres de Coimbra, de Gouveia, de Vilar Formoso, e de outras “aldeias” Nortenhas.
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Eu sempre disse, que as “melhores” mulheres nunca vêm dos grandes centros urbanos. A cosmopolita vida moderna tornou-as vápidas, fúteis, (demasiado)narcisistas, neuróticas e “vácuas“. Mas depois, vão para o Twitter, e julgam-se a Maryam Mirzakhani ou a minha irmã.
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E que isto fique cristalinamente claro, essa “condição” (“Homo“), para mim é/seria um pormenor, um detalhe, ou um traço de personalidade, não dissimilar (em importância) de um cabelo moreno, de uma “baixinha“, de um nariz “sui generis”, ou de um sotaque Coimbrão.
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Nem encaro a… “análogo-sexualidade” como algo positivo ou negativo, não a encorajo nem a repúdio, apenas é o que é (“it is what it is“, como diriam os jovens urbanos), e eu nunca rejeitaria uma amizade ou auxílio por causa disso.
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Mas também tolero aqueles que pensarem de forma (“jesuíticamente”)diferente de mim, pois essa foi a concepção de democracia e constitucionalidade que aprendi em criança.
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“Je «cherche»” pessoas inteligentes, simpáticas, bondosas e honestas. Agora, se jantam salsicha de peru com tomate biológico, ou berbigão com salada de grelo… isso para mim é matéria prima para umas boas piadas, mas sem qualquer malícia ou fobias.
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Aliás, até acho que há nessa “comunidade” mais paranóia, do que há “fobia” fora dela. O receio e a vergonha só servem para alimentar estigmas.
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Hoje em dia, já só ligo ao Futebol Feminino. Não vou a Alvalade nem a Alcochete desde 2013, até porque, já não conduzo tão bem quanto antes. Infelizmente, em Lisboa não há Clubes na Liga BPI, e no Olivais e Moscavide já fecharam o Futebol Feminino há muito.
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Eu gosto do “jogo das raparigas“, por ser mais puro, mais alegre, mais humilde, mais inocente, mais de “culto”. O único defeito que lhe denoto, é uma forte componente “política” e “sindicalista” que encaro como profundamente entediante e “divisiva“.
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E parece haver em “agentes desportivas” no Futebol Feminino tanta Androfobia e Heterofobia, quanto haverá Homofobia e Misoginia nas bancadas do Futebol Masculino.
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Se fores séria, seguramente deverás compreender, que eu enquanto Homem (que adora ser Homem!) não aprovo de certas “incomplacências“, tal como tu (ou qualquer outra mulher com amor próprio) repudiará outras “intransigências”. Gosto de moças “cool“, já as (hipócritas)preconceituosas, faço votos de que vão para a meretriz que as procriou…
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As minhas Futebolistas favoritas? Como jogadora, a Cláudia Neto. Como pessoa, a Matilde Fidalgo. Mas se eu ainda fosse adolescente, iria querer um póster da Tatiana para colocar no meu cacifo…
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Se estou entusiasmado com o Mundial em 2023? Sinceramente, após 86 dias de dieta, estou mais entusiasmado é com a ideia de comer Esparguete à Bolonhesa (com muito alho e salsa) na noite de Natal.
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E se a Marchão me quiser enviar um parmesão ralado e molho “Pomodoro”, até prometo ir dançar ao funeral do “Ventura“, do Bolsonaro (e do Lula…) e do “Pinto Coelho“. Se vier Queijo Serra da Estrela, até danço com a Borges.
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Que eu saiba (mas hei-de perguntar ao Professor Doutor Oscar Dias) não possuo Hiperacuidade Olfativa. Mas ainda assim, tenho-me apercebido do pérfido odor da Androfobia entre algumas “cavalheiras” que andam em bicos de pés pelo Futebol Feminino. Mas de ti, nunca senti tal odor, nem este “conciliábulo “seria possível se eu denotasse em ti tão necrótica “fragrância”.
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Não concordo com algumas das medidas que tens tomado, ou outras que não tens tomado. Mas no fundo, ambos queremos exatamente a mesma coisa, ver o Futebol Feminino cada vez mais enraizado neste País.
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Desejo-te um Santo e Feliz Natal, para ti e para os teus.
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E agora, com licença, pois também tenho que ir escrever à Borges, à Mariana, à Claúdia, à minha futura namorada, à Chandra, à minha esteticista, a uma antiga colega de Colégio, à Carolina Patrocínio, ao Duarte Correia, etc, etc, etc. Qualquer dia mudo-me para a Lapónia e arranjo umas renas e um trenó…
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Fica bem, “Móni-Móni”
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Post-Scriptum: Eu gosto do teu cabelo assim, simples, tem tudo a ver com a tua personalidade. E também gosto da forma como consegues conjugar fatos(prefiro-te com cinzentos) com ténis brancos. Mas cuidado… porque a Edite Fernandes e a Abby Wambach também têm muita pinta.
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E em ténis brancos e calças de cintura alta, a Matilde Rocha é uma “rival” temível. E provavelmente, é a mulher com maior talento inato – para as Relações Públicas – que eu já conheci. Uma mulher assim, tem de ser protegida, potenciada e valorizada.
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E não! Ela não é tão “cool” quanto tu eras quando te conheci. Aliás, ninguém é tão “cool” quanto tu foste em tempos. Absolutamente ninguém!
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Parque das Nações,
Segunda-Feira, 12 de Dezembro de 2022,
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Texto: Santiago Gregório Fuentes.
Imagem: Direitos reservados.
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