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Querido Ronald,
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O meu “despertador orgânico” começou a “tocar” mais cedo do que é o habitual. Despoletado e alertado eu… para algo nas adjacências distais da minha mente. “Quelque chose” que ainda só consigo percepcionar de forma “tímida” e ténue, mas a sua presença e vicinalidade é tão inconfundível quanto é semi-entusiasmante.
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Se um inferno terreno existe, suspeito que o mesmo estará “domiciliado” algures entre as redacções do RECORD e da FLASH… “Purgatórios”? Indubitavelmente, a TVI, a Sport TV e o Observador (que é/foi bem-vindo). Até mesmo a RTP, já não é o que era pré-Outono de 1992, quando a “moça das efemérides” começou a “embonecar” o neófito canal 4.
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Recapitulando… há algo mais, uma “pré-comparência” que ainda não se anunciou, uma dimensão extra, e não apenas algo memorizável, mas sim uma concepção inteiramente diferente, um prisma dessemelhante do mundano. Alguma espécie de… “apreciação artística” que permite semi-revolucionar “isto”, algo para além de vocabulários, de factos e imaginação. Uma interpretação… que por agora me escapa, como que um nome na “ponta da língua“.
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“Isto”… é um pouco como jogar Futebol, queremos produzir algo “apreciável”, mas também queremos evoluir a curto, médio e longo prazo. Mas se “jogarmos” de 48 em 48, ou de 72 em 72 horas, não sobra muito tempo para “treinar”, ou mais especificamente, para aculturar.
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Mas repito, há algo para além de cultura, algo filosófico que permite/permitirá encarar e narrar as “simplicidades (des)importantes” da vida de uma forma mais primorosa. E que é isso, senão ver ou retratar beleza no banal, algo que nos permita ser menos “maquinais” e simplistas na análise do comum e “trivialidades comunitárias”.
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O alarme (o real) é suposto tocar às 08:00 (366 dias por ano), e não contando com o sonambulismo precipitado por “levantamentos urinários”, o “orgânico” geralmente só me “estreia matinalmente” 10 minutos antes das 08:00.
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Mas hoje… eram 06.50 e acordei. Sim, para a micção matinal (particularmente ácida em tonalidade), mas igualmente pela captação, semi-sub… semi-consciente, de que havia mais no limiar, “escaneável”, uma forma diferente de transpor literáriamente a vida, um “folheamento” mais profundo, mais “bondoso” e mais poético.
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Depois de mictar, deitei-me por mais 70 minutos, os meus olhos e ouvidos a ouvir, a ler e a ver, memorizando pormenores e detalhes, armazenando-os como referência futura e em busca do contexto ideal para a sua “aplicação”.
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Mas repito, cultura não chega, há que disseminá-la de outra forma, algo “filosoficamente afectivo”. Não sei se a irei encontrar ou conseguir assimilar, mas sei que ela está à minha volta ou à minha frente, à espera que eu a capte e consiga “sintetizar” em massa dentro do meu cérebro.
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Estas 40 a 64 horas entre “jogos” são preciosas e escassas, tenho uma lista mental de filmes, séries, documentários, livros em PDF, etc aos quais necessito de me expor em busca incessante por mais expressões idiomáticas, proposições axiomáticas, etc, etc, etc.
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Há (poucos) dias, estava eu na caixa do Continente a comprar sopa de legumes, leite proteico de chocolate e pastilhas sem sacarose, quando dois homens Brasileiros a conversar (demasiado) próximo de mim, um deles proferiu “esses são os Telemacos da Vida…“.
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Sim, isso fez soar um “acorde” algures cá dentro, “ressoou”… estético-sonoramente. Mais concretamente, uma série de desenhos animados Japonesa (mas com áudio Francês) “Ulysses 31” que eu costumava ver quando tinha 5 anos de idade em 1981. Recordo-me particularmente, de se depararem com inúmeras naves adversárias, e “Télémaque” exclamar “les milliers, les millions!“.
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Indubitavelmente era mais educacional para uma geração nascida nos 1970s em Portugal, do que para os pobres diabos nascidos a Leste de Badajoz que têm que levar com tudo dobrado em “Almodovarez“, e depois, queixam-se de que essa “tribo” não tem apetência nem vocação para linguísticas.
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As crianças devem ser sujeitas ao “encorajamento dos sons”, seja o da música ou de idiomas não-nativos. Há que estimulá-las, e não apenas comprar-lhes livros do “Papu” e do “Edwin“…
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A propósito, ainda me lembro bem da minha 1ª Professora de Inglês, a Sra Alcina (em 1979) a minha primeira “paixão”. Alta, morena, com um corte de cabelo “à tigela”, e uma tendência para “pullovers” cor de borgonha. “Edwin” foi o primeiro nome Anglo-Saxónico que ela me/nos ensinou. Mas na realidade, eu já sabia de “Bobby“(Ewing) graças à “pedagogia” da série “Dallas“.
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A minha natureza autodidática levou-me a sempre aprender (imensamente) mais em casa dos que nos Colégios. Cultura é como DEUS, não está apenas restringida às escolas e igrejas, está onde estiver a nossa curiosidade e inquisitividade.
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Primeiro, começou com a biblioteca dos meus Pais, depois (sobretudo) com a Biblioteca Nacional no Campo Grande. E partir do Outono de 1995, com a Internet, inicialmente em ciberquiosques na Avenida de Roma e na Avenida Fontes Pereira de Mello. E claro, cursos atrás de cursos.
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Presentemente, é Quinta-Feira, 17 de Novembro, um pouco antes das 08:00. Funestamente, dormi menos de 5 horas, mas quase de certeza que irei adormecer entre as 16:00 e 20:00 depois de lanchar (na realidade, adormeci pelas 01:00 de Sexta-Feira e acordei pelas 07:30), conheço bem este organismo, esta “embarcação” (ou “recipiente humano“) minha, esta tão funcional forma pós-antropóide que nos permite ambular em busca de nutrimentos para o estômago, fígado, rins e cérebro.
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São 07:29, vou preparar algo: meio litro de leite, um par de pêras rocha e uma banana. O meu “diário de bordo” diz-me que ando particularmente activo desde as 21:00 de ontem no que concerne à vida amorosa de Narciso, (nomeadamente, a sua namorada “Eco“) e como a mesma pode ser uma curiosa e cativante na explanação de questões psíquicas relacionadas com a “profana” relação entre a egomania e o sicofantismo. Cada vez mais comum em… Manchester e no Jamor…
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Aparentemente, a Hipocrisia e o Materialismo (nem as “Marxistas” são imunes ao magnetismo dos Porsche Panamera) andam de mãos dadas nessa “religião” do novo milénio que é o… Futebol.
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Dou por mim num estado de maior inspiração quando submetido a dois tipos de estímulos. Um deles é caminhar, algo que adoro fazer desde o Inverno de 1994 quando ia do Lumiar até às Amoreiras ou Saldanha e regressava, e fazia-o pelo menos duas vezes por semana.
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Há 12 anos, antes da Trombose, andar 12 a 20 kms por dia era normalíssimo. Pós-2014, subir a Avenida Marechal Gomes da Costa já é mais difícil. Suponho que DEUS simplesmente não queira que eu vá à “Decathlon Oriente” ou à “Staples“. Considerando os preços desta última, só posso lhe ficar grato. Que saudades de plasticina aos preços de 1978…
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Ainda me recordo, de na primeira década deste Milénio, eu planeava que no meu 40 aniversário iria fazer uma caminhada de ida e volta (no mesmo dia) desde o Terreiro do Paço até São Julião do Tojal. Mas a minha Veia Cava Inferior depressa invalidou esse “sonho” de meia-idade. Para essa ambulação, teria tido que calçar 3 pares de meias e ténis 3 tamanhos acima. E ter um enorme pacote de sal à minha espera em casa para depois meter os pés de molho. E convinha ter o número de um bom podologista no telemóvel, pois a minha pedicurista não faz milagres.
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Eu costumo dizer, que já não consigo correr (na Alameda dos Oceanos, meninas de 8 anos passam por mim a andar como se fossem “motas” e eu uma carroça…), mas para que necessita um homem adulto de correr? Não sou maratonista nem polícia. Que corram os outros. Quando em pressa… meto-me antes no “Paródias“. E, como diria Sir Arthur Conan Doyle, “menos pressa e(é) mais velocidade“.
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Hoje em dia faço as minhas mini-caminhadas, mas agora junto ao Rio. Gosto de sentir o cheiro das palmeiras, observar a arquitectura, ver aquela intimidativa enorme massa aquática à minha direita, e permitir que o sol me “beije” a pele, ao (ainda) andar de calções e mangas arregaçadas durante a segunda semana de Novembro. Abençoado aquecimento global…
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Por vezes, fico com a ideia de que algumas pessoas furtivamente me “ojerizam”, ou no mínimo, não são empáticas nem tolerantes. E eu entendo essa animosidade, ela prende-se sobretudo com a diferença. Diferença que uns interpretam como “melhor” ou desonesta, artificial, ou inaceitável. Filosofar em demasia não é aconselhável para os “ressentidos”.
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A animosidade de uns gradualmente tem deixado de ser “passiva” e tem-se metamorfoseado para indelicadeza ou rudeza canalizada para quem não levam a sério, ou não aceitam, talvez porque essa “diferença” não seja agradável ou “narcisisticamente digerível” por aqueles que se possam sentir auto-depreciados.
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Eu subscrevo à “filosofia social” Schwarzeneggeriana, de que devemos nos rodear de pessoas mais optimistas, mais inteligentes, mais criativas, mais cultas, mais bem-sucedidas, mais abastadas etc. Elas têm que nos “puxar para cima”, e não nós a puxá-las para baixo. Cobiçá-las com o nosso suco biliar é um óbice para nós próprios. Eu gosto sempre de “auscultar” os outros.
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Conhecem-me pessoalmente, sabem quão idiossincrático, extrovertido ou expansivo consigo ser. É tudo genuíno, e nem sempre me favorece junto dos pouco perspicazes (os tais, presumo, “Telemacos da Vida“). Sim, este é decididamente um Mundo de vilãs, bruxas e bexigas.
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Tenhamos a sensatez de nos amarrarmos ao mastro quando à distância começarmos a ouvir os cânticos da “Sereia Cística“, com o seu cabelo de textura selvagem e negro como as asas de um corvo, “juba” a ondular pelo seu dorsal, e o lenço/faixa em redor da sua cintura a cascatear serpentinamente pelo sua anca canhota abaixo. Um olhar penetrante, intenso,” acossado”, receoso, intimidante, aflitivo e… “doentio”. E ainda por cima, bebe café e consome açúcar. Que falta fez António Costa nos anos 80, para proibir doces e pães com chouriço nesses refeitórios bexigosos.
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Interpreto estas minhas caminhadas e a sua influência positiva na minha inspiração com o bombear das pernas que acelera a minha circulação sanguínea e a esbombardeia oxigénio pelas minhas Artérias Vertebrais e Carótidas acima, até cá… “acima”. Sim, porque é “ele” que em mim tudo determina, estas falanges distais articuladas com… Carpos, Meta-Carpos, e tudo até à Acrómio-Clavicular.
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Como se todas estas maravilhas, da Acrómio, as do cotovelo, pulso, falanges, etc, tudo tivesse um mágico “giroscópio” que articula toda essa cumplicidade anatomofisiológica com uma coordenação que por vezes não apreciamos nem lhes damos o devido valor até as perdermos na eventual decreptidute.
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A minha outra inspiração vem de conduzir, algo que em média só faço uma vez por semana, e que obviamente, não faz circular o sangue como as actividades calisténicas. No entanto, sinto que há algo sobre a paisagem a passar como um filme perante os meus olhos, que de alguma forma me estimula e faz brotar conceitos…
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…por vezes um título, uma ideia, uma abordagem, uma perspectiva, um contexto, uma integração, um vocábulo, uma “semente” de algo.
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Talvez o mesmo aconteça quando caminho, não apenas o sangue a orbicular, mas também as imagens à frente dos meus olhos: o Rio, as palmeiras ao vento, a constituição do Teatro Camões, a textura e espessura de um vestido de verão sentado à minha beira enquanto os seus dedos delicados sustêm graciosamente um exemplar antigo de “Babilonia Revisitada“.
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Eu costumo dizer, que o pior, não é envelhecer. Ninguém quer ficar obeso, calvo, perder a sua funcionalidade eréctil ou a massa muscular que em tempos tinha em redor da sua cintura escapular. Mas o pior, diria que é perdermos a nossa competência ambulatória, ou a nossa lucidez intelectual.
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Quando uma pessoa é operada aos pés, joelhos, ancas, e se habitua a passar os dias sentado ou deitado, está a apressar o fim. Está “arrumada”.
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Para mim, o segredo da longevidade reside em dois elementos. Manterem-se magros e activos. Se o peso for baixo e praticarem alguma actividade física, é (na minha concepção) mais provável “navegarem” para além dos 90s, ou até mesmo, enveredarem pelo supracentenarismo.
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Há aqueles que estão ansiosos pela reforma. Nunca mais me esqueço, após o 11 de Setembro, um patriota cansou-se de estar em casa reformado e confortável, e regressou ao trabalho. Foi trabalhar para um mini-mercado, repondo os stocks nas estantes e arcas frigorificas. E psicológicamente, começou a sentir-me melhor, mais útil, com um propósito na sociedade, produtivo, e alheio a crises existenciais, contemplações sobre mortalidade ou o grande mistério que estancia para além da mesma.
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Eu podia ir ao supermercado uma vez por semana, ir de carro, trazer mantimentos para 7 dias, mas opto antes por deixar o “Paródias” na garagem, meto a mochila (do Sporting) às costas. T-Shirt, calções, ténis confortáveis e faço 5 ou 6 kms todos os dias para ir comprar sopa de legumes, agrião, pastilhas elásticas sem açúcar, (por enquanto – até 31/12/2022 – ) Sumol de ananás sem açúcar, peru, tomate biológico, peras rocha, maçãs Granny Smith, bananas, bagas, abacaxi, leite, etc.
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Gosto de ter esse pretexto para todos os dias acumular esses quilómetros nas pernas. Até porque, contrariando as sugestões de um (excelente)médico, recuso-me a calçar meias de compressão. Pós 9 de Abril de 2014, perdi imensa flexibilidade na zona lombar, e por isso, calçar meias, ténis, vestir cuecas, levantar da cama, etc, já não é tão fácil quanto antes. Mas há “truques” (Fisioterapêuticos), que consistem em rolar para decúbito lateral (esquerdo) e “rebolar” para fora da cama.
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Tão inflexível fiquei na base da coluna, que quando ia ao ginásio até 2 de Março de 2020 (dia em que o Covid-19 “aterrou” em Portugal) deixava-me arrepiado ver alguém fazer hiperextensões lombares ou levantamentos de peso morto.
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Há uns anos, noutro ginásio, um PT (“Personal Trainer“) com pinta de “Segurança do LIDL“(e daqueles da província) perguntou-me por que razão, eu não fazia agachamentos ou prensa. Eu disse-lhe que para estimular o Vasto Intermédio e Medial(e não só), eu só fazia hiperextensões de quadriceps, porque não estava para chegar aos 50 anos e necessitar de ser operado aos joelhos (que do lado masculino da minha família, nunca foram grande coisa) ou às ancas (isso é mais o lado feminino da família).
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Esse PT, com a sua pinta de “Lampião”, respondeu-me “quero lá saber de quanto tiver 50 anos!“. Como desvendei anteriormente, era “Lampião”, “Quod Erat Demonstrandum…”
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Todos os bons PTs que conheci nos últimos 40 anos, o(s) Fernando(s), o Ricardo, o Tiago, o Adrian, etc. Todos eles eram/são Sportinguistas, nunca falha! Perguntem sempre aos PTs de que Clube são, é uma garantia de competência, sensatez e inteligência.
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Conto com a Dª Fontemanha, com “Beatriz Isabel” e com a “Rainha” para fazerem agachamentos por mim e por elas. Como me diziam as cabeleireiras quando eu era criança e ia de férias para a praia, “Santiago, dá uns mergulhos por nós!“. Isso já foi há 40 anos (na Calçada do Sacramento, paralela aos armazéns do Chiado), mas ainda hoje me lembro delas, muito queridas. Eu era mais apaparicado nos cabeleireiros do que um Dálmata num quartel dos bombeiros.
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A mochila (onde levo sempre o Telemóvel, boné, água alcalina, gel desinfectante, luvas, etc) é essencial para as minhas caminhadas, pois permite dispersar o peso pelo meu tronco, enquanto trazer sacos nas mãos, faz-me oscilar para a esquerda ou direita, e provoca-me desconforto, até porque, começo a suspeitar, que sofro de algum grau de Escoliose na base da coluna, mas não estou com pressa por me expor à “máquina do cancro” (radiografia). Por mim, quanto menos Raios-X aos meus ossos, e menos fármacos a sobrecarregarem o meu fígado, melhor.
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Olivia de Havilland faleceu há 2 anos com 104 aniversários registados, Eva Marie Saint tem 98 velinhas sopradas, e a fórmula é sempre a mesma, magras, activas, e na maioria dos casos, do sexo feminino. E são pessoas, que geralmente ao mínimo desconforto, agendam consultas nos médicos.
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As mulheres nesse sentido, hesitam sempre muito menos, são menos… “rústicas” do que nós homens. E é importante termos a sorte de ter bons médicos, e não aqueles jovens que por vezes andam nas Urgências, e quando lhes perguntamos onde termina a inserção distal da Artéria Aorta, eles têm que pegar no Iphone para irem ver ao Google… Contei isso ao meu cirurgião vascular, e ele quase caiu da cadeira de tanto se rir.
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Comprar calçado confortável, ir passear os cãezinhos, alimentar os pombos, varrer os alpendres, lavar os vidros, fazer comprinhas. Sair de casa, socializar, interagir (a WORTEN tem colaboradoras com as melhores tranças do Parque das Nações), sorriam, sejam afáveis, quanto mais investirem, maior será o “retorno”.
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Além do mais, eu continuo a abrir portas e a dar passagem às Senhoras, mas reparo que desde que comecei a ter cabelos brancos, comecei a registar um fenómeno “porreiro”, as Mães que dizem às filhas em relação a mim… “abre a porta ao Senhor!“. Isto dos cabelos brancos é um esquema fantástico. Aposto que todas elas abrem as portas a Richard Gere, e não, isto não foi (não era suposto ser) um “Double entendre“, portanto… “no pun intended“.
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Tenho uma Tia de 83 anos que é uma autêntica “mulher de armas“. Muito, muito activa, uma “bola de energia nervosa“, nem consegue sossegar a sua ansiosa mente a menos que primeiro limpe o pó, vá passear os cães (e cadelas), vai ao supermercado, ao médico, esfrega o chão, lava as janelas e a banheira, pulveriza a casa, etc, etc, etc.
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O seu Pai viveu até aos 94 ou 95, e ela, muito suspeito que vai chegar aos 99, ou um pouco mais além. (quase)Só come saladas, sopas e peixe grelhado. Até já lhe disse, que Jorge Jesus é todo piscatório, mas ela prefere o Bruno Lage, a quem ela se refere como um “rapaz humilde e educado“, e posso confirmar que ele é isso mesmo. E aqui entre nós… se ele quisesse, também ele podia ter sido um PT do caraças… se é que me fiz entender.
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E dizem, que Francisco Neto, também ele sabe a diferença entre a Fase Concêntrica e Excêntrica dos exercícios, e o que são músculos agonistas, antagonistas, sinergistas, etc. Mais uma vez, se é que me fiz entender…
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Quanto às dietas da “maluca” (a minha Tia)… de vez em quando, lá a apanho com um gelado ou uma chamuça, e ela diz sempre “há 6 meses que não comia disto…” Embora, cá para mim, os “6 meses” dela, na realidade são 6 semanas em cronologia normal…
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Além disso, a “Titi” (como lhe chama a minha irmã), tem uma destreza mental para a comédia verdadeiramente invulgar, é uma génio da comicidade. Tivesse eu 7, ou tenha eu 47, ela faz-me sempre rir à gargalhada. Eu costumo dizer, que ela e o meu barbeiro são muito mais cómicos do que 99% dos humoristas que andam à solta por este País.
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Só tem um problema, ela não repara em nada. Eu gosto de conversar com octogenários, e perguntar-lhes sobre o 25 de Abril, o 25 de Novembro, as FP25, o assistencialismo de Salazar, etc. Mas ela nunca sabe de nada, pois sempre que havia “confusão“, ela na sua forma tipicamente hiper-feminina, escondia-se logo até as coisas acalmarem.
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Não admira que ela tenha tanta habilidade para a autopreservação, uma característica sobejamente feminina. Nós homens temos muito que aprender, com as mulheres, e com os advogados. E devíamos ler uma vez por ano “A Idade da Inocência“, que naturalmente, foi escrito por uma mulher, Edith Wharton.
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E a minha Tia é muito rezingona (nunca lhe perguntem pela Rita Pereira…), eu também sou assim… desde os meus 16 anos, bastou-me ouvir música “Riot Grrrl” para perceber que o presente e futuro iria deixar muitos com saudades das suas infâncias.
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A minha Tia está sempre a dizer-me, que não gosta disto, que não gosta daquilo, “raio destes, raio daqueles, malditos miúdos, etc!“, e sobretudo… não gosta destas e daquelas… Eu até já lhe perguntei, se com toda aquela intolerância, se ela já pensou em ir “alistar-se” no Chega. Mas ela responde logo… “Chega pra lá!!!!”
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Para além da vantagem em termos de longevidade, e um são narcisismo que as compele a manterem-se magras, reparo que também parece haver menor tendência nas mulheres para a demência e senilidade que parece afectar tantos homens após os 70.
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Penso muito nisso, no quão frustrante e improdutivo deve ser ficarmos desorientados e perdermos a nossa memória. Foi sobretudo, por essa razão, que Hemingway decidiu ventilar o seu Parietal. Sem memórias, como pode um cronista contar as suas experiências, os personagens que conheceu, etc.
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Tive um familiar, que chegado a uma idade (mais de 70) começava a despir-se à frente das pessoas para mostrar onde se tinha queimado ao entornar o café. Chamava nomes horríveis aos seus familiares, alguns dos quais, ele tinha ajudado a criar.
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Penso se será isso que me aguarda daqui por 3 décadas. E faço votos de que a Neurologia evolua muito até 2050. Até lá, pouco mais posso fazer para me preparar para o “Longo Adeus” (como Reagan lhe chamava) que não seja manter flavonoides e antioxidantes na minha alimentação, e ir jogando Xadrez contra o computador.
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A minha Mãe é muito lúcida, será somente uma questão genética e o facto de ser mulher, ou será que é por causa de gostar tanto de ler todos aqueles livros que tem da Agatha Christie e Georges Simenon?
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Vi (ou ouvi, a minha hiperacuidade visual e auditiva por vezes confunde-se) algures, que um embaixador do Catar foi criticado por dizer que a homossexualidade é uma perturbação mental. Sinceramente, incomoda-me que ele não possa ter a sua opinião, sem por isso ser “atacado“.
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Até porque, nem ele, nem eu, nem ninguém (que eu saiba) pode provar cientificamente que a homossexualidade seja um disturbio mental, ou que não o seja. Portanto, encarando isto de uma forma lógica, por que razão alguém fica exasperado perante algo que não pode ser provado ou desprovado? Isto é uma questão profundamente filosófica e lógica (que também ela é uma Filosofia).
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Não me incomoda que digam que a homoafetividade é uma doença mental. Incomoda-me mais é a forma como alguns “CONTRAriantes” reagem de forma tão “apaixonada“, “agressiva“, repressiva e “anti-democrática“. Ainda para mais, a considerável quantidade deles nem sequer sendo “gay”. É um pouco como quando as universitárias caucasianas vêm marchar contra a afrofobia, chegando a parecer uma paródia de um vídeo dos “Offspring“… (“Hey! Hey! Do that brand new thing!“)
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Por que razão ficam tão exaltadas perante opiniões divergentes? A “ofensa” de uns é a hipersensibilidade de outros. Não se zanguem, respeitem, tolerem ou ignorem, mas não se chateiem (nem se aleijem…), nada de produtivo daí irá resultar. Somente neuroses e pulsação cardíaca acelerada. Saibam preservar-se de discussões estéreis.
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Penso que ainda nem sequer se sabe por que razão algumas pessoas são homossexuais, e eu pessoalmente, suspeito que não sabem, por não haver uma “explicação universal“, ou seja, porque algumas pessoas nascem assim, enquanto outras não nascem… tornam-se homossexuais devido a algum trauma de infância, e suspeito que essas (as “traumatizadas”) serão aquelas com maior “vocação” para Andrófobas (não, isto nada tem a ver com “Andrés“…) e Heterófobas.
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Se esse trauma é uma questão psiquiátrica? Talvez seja. Eu não afirmo que seja, ou que não seja, simplesmente, não sou obtuso ao ponto de descartar por completo qualquer teoria só por uma questão de “incomplacência intelectual” (ou emocional).
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Já sobre Transexualidade, eu não me espantaria que seja uma perturbação mental semelhante à Dismorfia Corporal. Há rapazes adolescentes, que quando rompem com as namoradas, pegam num x-acto e começam a fazer cortes nos antebraços numa tentativa de chamarem a atenção sobre si e a sua depressão. Portanto, uma forma extrema de vitimização e falta de auto-estima. Ora, se uma pessoa se começa a auto-mutilar, nós vamos naturalmente levá-la a um psiquiatra…
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No entanto, se uma mulher vai a um cirurgião e lhe pede que lhe remova os seios (o que é relativamente comum nos EUA), ou um homem pede para ser castrado, todos temos que achar que isso é normal e psiquicamente aceitável, sob o risco de “bullying” social, “cancelamento” (cancelem mas é a Sport TV…) e “peer pressure” (acreditem, essa malta não são meus “peers“…), pelo facto de ser politicamente inaceitável.
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Na minha opinião, é pouco ético qualquer médico “mutilar” o corpo de uma pessoa sem que primeiro ela seja avaliada por uma junta psiquiátrica.
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É importante, não confundir excentricidade e idiossincrasias com insanidade. Até porque, por vezes, não é fácil distinguir entre um sentido de humor invulgar e uma perturbação mental, seja ela tão simples quanto hiperactividade, ou tão grave quanto bipolaridade ou esquizofrenia.
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Eu há tempos estava num supermercado, e passou por mim um rapaz alto (uma versão ectomórfica de Anton Lavey…), careca, e que tinha “666” (supostamente, o número do Anticristo) tatuado no meio da testa. Reservei-me ao direito de achar que aquela era uma pessoa “perturbada“, por se sujeitar a tal auto-dessecração.
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Mas relativamente a tatuagens (que essencialmente é a dessacração da carne), eu encaro isso da seguinte forma. Penso que a maioria de nós, queremos ser únicos, singulares, e melhor ainda, se em vez de o querer ser, se o formos de forma inata e orgânica, maior ainda o mérito e quinhão de “glória”.
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No entanto, há nos jovens, uma dicotómica “sede” por popularidade e integração social. Mas parte do segredo do sucesso não é a integração, mas sim destacarem-se dos demais, sem que para isso sejam dessociáveis do resto da “turma humana”. Quanto às tatuagens, eu encaro-as como uma concessão, por parte de pessoas que vão atrás de modas ou movimentos (sociais).
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Uma “vogue” que considero particularmente ridícula, é a das mulheres que tatuam os pés. Umas metem uma rosa, outras o nome dos sobrinhos, o nome do cão, etc. Sim, realmente, que “sui generis” são essas milhares de mulheres que se sujeitam ao mesmo que milhares de outras.
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Um pouco como quando David Beckham tatuou um “VII” no seu antebraço nos anos 90, ou Pamela Anderson que tatuou arame farpado no bicep, e depressa, surgiram 1001 clones de Beckham e de Pamela. Isto resume-se, personalidades fracas e seguidistas.
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Já os ouviram falar? É basicamente isto… “temos muito campeonato pela frente“, “ainda vamos fazer coisas bonitas“, “temos que levantar a cabeça“, “o grupo de trabalho precisa de carinho“. É uma “enxurrada” de banalidades, de clichés, de “buzz-words” e de “paneleirices” que entorpecem qualquer neurónio e possivelmente, uma tentativa de matarem-nos a todos de tédio.
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Acho isso patético e semi-aflitivo, revelador de uma ansiedade colectivista e falta de individualismo. Pior mesmo, só os rapazinhos Indianos e Paquistaneses que enchem o Instagram com fotos deles mascarados de CR7. Que péssimos encarregados de educação, padres e psicólogos, todos eles devem ter tido…
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Quem quer ser desprovido de ego(ismo), filáucia e ideias próprias, têm é que ir para a tropa e serem um bom (de vários)”robot(s)“, e não gastarem milhares de euros em salões de tatuagens. Uma moça que tem umas coxas tatuadas muito sexy (e excelente gosto em chinelos), disse-me recentemente, que com o dinheiro que já gastou em tatuagens, já podia ter ido meter o aparelhos nos dentes. Entretanto, já o meteu.
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Post-Scriptum: Conheço um “rapaz” chamado Pedro, que é barbeiro (ao qual vou, quando o meu habitual “coiffeur” está indisponível), e ele tem imensas tatuagens, inclusive na cara. Mas é um rapaz sereno, educado, afável, e surpreendentemente “
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Quanto às “homossexualistas“, doentes mentais e tatuadas, também elas necessitam de carinho, amparo e compreensão, pois sem isso, só irão retrair-se para um estado cognitivo cada vez mais complexado e insociável. Eu até no Benfica e no PSD (começo a achar, que eu, António Dias da Cunha e Filipe Soares Franco somos os únicos 3 Sportinguistas que não são do PSD…) conheço malta aprazível e com quem gosto muito de trocar evidências e indícios.
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Parque das Nações,
Sexta-Feira, 18 de Novembro de 2022,
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Texto: Santiago Gregório Fuentes.
Imagem: Direitos reservados.
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