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Sinceramente, esperava menos… mas gosto sempre quando me “defraudam” desta forma.
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Tivemos nesta passada Quarta-Feira a primeira oportunidade (e que foi muito bem-vinda) de “espreitar” a equipa de Futebol Feminino do Sporting versão 2022/23. Na ocasião, num jogo para a Supertaça de Portugal vs Famalicão.
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Ganhámos por 3-0, e na minha opinião, assinámos uma exibição colectiva (ao fim de um ano de Mariana, já temos uma ideia de jogo já bem consolidada) bastante bem conseguida (excelente circulação e muito bem a jogar em posse, sobretudo, nos primeiros 30 minutos). Ainda assim, devo escrever que a equipa me impressionou mais a atacar do que a defender, algumas das “circulações” de bola no processo defensivo – e atrasos para a Hannah Seabert – deixaram-me “assanhadiço”.
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Na minha opinião, se Mariana tivesse o plantel do Benfica, arriscava-se a ser Campeã 10 anos seguidos! Podemos não ter o melhor plantel ou equipa, mas prefiro mil vezes Mariana a Filipa Patão. A Açoriana é tacticamente superior, simplesmente, tem demasiadas “matraquilhas” no plantel, e talvez seja algo… (excessivamente)”poética” na forma como quer jogar. Além disso, ela terá Cláudia Neto e Brenda Pérez para se “transvestirem” de “Xavi” e “Iniesta“, mas onde está a “Busquets” deste plantel? Para não falar, que não vejo ali nenhuma “Carles Puyol“…
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Ainda sobre a nossa qualidade de jogo aludida acima, infelizmente reparei num padrão… quanto melhor jogávamos, mais faltas as Famalicenses fizeram sobre as “nossas”, e com a aparente “conivência” da Sra Árbitra. Poderá ser uma pressão injusta, mas as árbitras quando no desempenho das suas funções deviam compreender que não estão apenas a lutar pelo seu espaço pessoal, mas igualmente por toda a “classe” de árbitras femininas. E não é com aquela “permissividade” e “indisciplina” que as mulheres se irão “emancipar” na arbitragem. Deram-nos tanto “pau”, que até pensei que estávamos a jogar contra o “Sindicato das Lenhadoras“…
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Tenho um bom pressentimento em relação ao Mister Pedro Alegria, tal como não o tinha em relação a João Almeida Rosa. E espero que um dia, Cláudia Neto também venha a integrar uma das nossas estruturas técnicas.
No geral, por esta altura – tal como em Agosto do ano passado – a equipa “respira” saúde e frescura física (pelo menos, em comparação com as rivais de anteontem), mas veremos como se apresentam e partir de Janeiro. Já em 2021 prometiam muito, e depois… foi o “Crepúsculo das Deusas“, mas “sans” Rock Hudson.
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Não sei o que Mariana(e os seus subordinados) fizeram a esta equipa desde Maio, mas algumas delas parecem-me mais maduras, com muito mais entrega e focadas(particularmente a Bruna), deu-se ali um perceptível “salto” ou “click” em termos mentais.
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Aparentemente, “sans” Marchão e “sans” Tatiana, ainda assim a equipa não foi “despachada” para nenhuma “fábrica de cola” sem essas duas titãs. Titânicas pelo menos, aos olhos de alguma imprensa e de alguma Direcção Técnica no Jamor… Titulares mortas, (novas) titulares postas! Um Clube como o Sporting não pode estar(nem está) “refém” de ninguém.
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Na época transacta, defrontámos as Famalicenses em três ocasiões, tendo ganho duas vezes e perdido uma (em Alcochete). As duas vitórias foram por apenas um golo de diferença.
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Não tenho escondido nas minhas prosas, que considero que a nossa equipa está “despreparada” para lutar pelo campeonato nacional, e que se a nossa ambição é a de vencer essa prova, então creio que a nossa participação revelar-se-à uma perda de tempo e de dinheiro. Tendo escrito isso, há um ano também começámos muito bem a época, triunfando de forma inequívoca sobre o Benfica.
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Se esta goleada sobre o Famalicão é uma surpresa para mim? Sim e não. Eu esperava uma vitória, mas não tão folgada e com “nota artística“, mas na realidade, embora eu não seja um perito(de todo) nas Famalicenses, no mínimo, reconheço que esta equipa o ano passado contava com Rute Costa, Mariana Azevedo (a quem aproveito para desejar as melhoras) e Ana Capeta, e agora, estão “órfãs” de todas as 3.
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E não escondo, que quando vi que Dani Neuhaus estava na baliza das Nortenhas, entendi isso como um sinal positivo (para nós…). E pensar que há uns tempos, se especulava que a Brasileira podia vir reforçar as “Leoas”, que “cauchemar” esse teria sido, até porque, eu já tenho cabelos brancos que cheguem, “s’il vous plait“…
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Quanto à nossa equipa. Eu não tenho propriamente escondido no último ano, que para mim, uma equipa na qual Ricardo Esgaio consegue jogar muitos minutos, não creio que seja uma equipa com competitividade suficiente para lutar pelo campeonato. Pela mesma lógica, para mim, uma equipa na qual cabem a titulares jogadoras como Rita Fontemanha, Ana Borges, Alícia Correia, Joana Martins, Ana Capeta(boas movimentações), e talvez, Diana Silva e Carolina Beckert, essa para mim não é uma equipa capaz de lutar pelo campeonato ao longo de 9 meses.
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Diga-se, um dos aspectos positivos para nós, é que o SC Braga também parece estar mais fraco (tal como nós (em teoria) e o Famalicão) que o ano passado, e por isso, sendo minimamente competentes, não teremos dificuldades em assegurar o 2º lugar.
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Acrescento, que apesar de “simpatizar” com Beckert(alguns equívocos…) e Bruna(tem potencial para fazer ainda mais e melhor), nenhuma das duas está ao nível de uma Carole Costa ou Nevena Damjanovic.
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Anteontem, quando vi que o nosso XI Titular incluía Fontemanha, Borges, Alícia e Martins, pensei logo “que mal fizemos nós a DEUS…?“. Verdade seja escrita, Ana Borges até foi das melhores em campo, mas continuo a achar que ela não é – de há um ano a esta parte – jogadora (ainda)com capacidade para nos dar 9 meses de qualidade. Admito que fiquei desiludido quando quem de direito em Janeiro e Abril último decidiu prolongar os contratos de Borges e Fontemanha.
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Há 5 anos que Fontemanha não joga 25 jogos por época, e no entanto, em 2021/22, Mariana meteu-a em campo 23 vezes, questiono-me sobre o que nos diz isso sobre a nossa equipa, o facto de uma jogadora que aparentemente perdeu a sua preponderância há 5 anos, agora até ela consegue jogar regularmente? Vejo aqui duas hipóteses: 1) ou Rita Fontemanha melhorou substancialmente(não é o que os meus olhos me relatam…) enquanto jogadora, ou 2) o nível de exigência da equipa baixou nos últimos dois anos.
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Se eu tivesse que contratar reforços para esta equipa, diria que 3 parecem-me mais inadiáveis: 1) Uma defesa central titular (com boa saída de bola e mais “batida” que Bruna ou Beckert) para emparelhar com Bruna Lourenço e permitir a Beckert ir crescendo na sua sombra sem pressão. 2) Uma média-defensiva titular. 3) Se possível (mas não com o mesmo grau de premência) também uma extrema titular. Se com esses 3 reforços seríamos capazes de lutar pelo campeonato? Não sei, tudo depende da atitude do grupo de trabalho após o Natal…
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Quando a “garimpar” por reforços para esta equipa – tendo em mente suplantar as “encardidas” no campeonato nacional -, eu penso que seria prevalente irmos em busca de atletas com outros perfil físico, pois nos últimos 2 anos já sentimos (literalmente na pele) a diferença em fisicalidade para com as nossas rivais. Eu entendo que a “Miss” preferia jogadoras tecnicamente refinadas, mas suspeito que parte do nosso problema, é que esta equipa tem tido muitas “Tatianas” e “Marchões“, e poucas “Caroles” e “Nevenas“, e agora, nem “Fátimas” temos.
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É bonito e importante termos “Seda“, mas seria sensato adicionar algum “Aço” ao nosso plantel, nomeadamente, uma central e média de contenção com outra robustez física. Aliás, até temos uma (Melisa Hasanbegović) com esse perfil, mas Mariana parece determinada a “Guardiolar” a nossa equipa.
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Não me surpreende que Miss Mariana opte por Alícia Correia em vez de Fátima Dutra, mas continuo a achar que nem tudo o que vem da nossa formação são Andreias Jacintos, e Alícia Correia é uma jovem jogadora com alguma qualidade, mas para mim, sem capacidade – pelo menos de momento – para ser titular no Sporting, ou ser chamada à Selecção (mas isso são outros 500s…).
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Hannah Seabert (muita equanimidade, mas ainda é cedo para eu tirar conclusões) joga melhor com os pés do que Doris Bacic, de resto, na globalidade, prefiro(de longe) a Croata. Aliás, não me surpreende que Doris Bacic e Melisa Hasanbegović não sejam “preferidas” de Mariana, possivelmente, porque do ponto de vista técnico, não obedecem ao perfil que ela deseja.
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Conforme as minhas expectativas, Cláudia Neto (imenssíssima qualidade no passe e uma fora de série na tomada de decisão) já demonstra estar(ainda) vários “andares” acima das típicas “futeboleiras” da nossa liga, sobretudo em termos de toque de bola, visão de jogo e posicionamento. Brenda Pérez também começou muito bem, esperemos que Brenda e a equipa não comecem a decair de produção a partir de Janeiro, conforme se verificou na última temporada…
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Joana Martins é uma boa jogadora (e parece ser uma das “mascostes” da treinadora) e esteve bem na jogada do nosso 3º golo. Possui considerável qualidade técnica, mas não sei se alguma vez será jogadora para ser titular no Sporting. O facto de ter jogado 27 jogos em 2021/22 provavelmente explica o porquê dessa equipa não ter sido mais competitiva.
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Da mesma forma que Rita Fontemanha 5 anos depois está a ser “recuperada“, parece que também estamos a “recuperar” Ana Capeta. Eu vejo Capeta como uma opção interessante (pressiona bastante) vinda do banco (tal como Joana Martins), enquanto Fontemanha nem como suplente a vejo.
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Quando ambas(Fontemanha e Martins) são titulares, fico naturalmente consternado. E na Quarta-Feira, constatei que Fontemanha – tal como Tatiana Pinto quando por cá andava – não creio que seja jogadora para nos dar 90 minutos de qualidade, e mesmo para 90 minutos, creio ser uma das “debilidades” deste conjunto.
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Ainda assim, justiça seja feita à Cedofeitense, Fátima Pinto também não era propriamente uma jogadora extraordinária, mas aos meus olhos, Fontemanha é claramente(!) um passo atrás em quase todos os aspectos quando comparada com a Madeirense.
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Quanto a Capeta, suspeito que em condições normais, perderá o seu lugar no XI para Chandra Davidson.
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Nem de Diana Silva sou grande fã. Joana Martins tem alguma técnica, mas fisicamente deixa a desejar, já com Diana passa-se (no meu entendimento) exactamente é o oposto, corre que se farta, mas por vezes, os seus fundamentos básicos parecem ter sido sacrificados por uma maior aptidão para o atletismo. Atletas também fazem falta num XI titular, a questão é se Capeta é a complemento ideal para a “Diana das correrias”.
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O meu ex-vizinho Roudolphe Douala também nunca ganhou nada no Sporting, mas era um “rapaz” porreiro, uma vez deixei cair as compras na mercearia, e ele rápido(como sempre!) apanhou-as antes que eu sequer me pudesse agachar.
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Neste plantel, diria que as minhas jogadoras favoritas são Cláudia Neto (até mesmo a jogar sem bola, o seu “perfume” é logo outro…), Chandra Davidson, Brenda Pérez e… Bruna Lourenço. Bruna essa, que na minha opinião, evoluiu bastante nestes últimos 12-24 meses, sobretudo em termos de posicionamento, leitura de jogo e critério no passe. Também aparenta estar menos ansiosa perante a responsabilidade de ser titular.
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Os adeptos provavelmente quereriam omeletes de avestruz. Mas na época passada, Mariana pegou em ovos de… Codorniz como Beckert, Marta Ferreira, Joana Martins e Alícia Correia e conseguiu potenciá-las, e penso que esse terá sido uma das suas maiores proezas enquanto treinadora. Pegar em “descartadas“(pelos adeptos) e transformá-las em “Cisnes“. Nota-se que a Miss é uma “Treinadora-Formadora“, e nesse aspecto, até me faz lembrar um nosso ex-colaborador que era treinador de Juniores, Abel Ferreira.
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Dia 26 enfrentaremos a equipa do Benfica, e então sim, com esse teste mais austero, teremos uma melhor ideia do que vale este plantel do Sporting. À partida, vejo o Benfica (que de momento, está privado de algumas das suas melhores individualidades) com mais unidades acima da média, melhor equipa, e maior potencial (sobretudo físico). E geralmente, quem tem maior potencial, pode não ganhar jogos em Agosto, mas geralmente, termina à frente em Maio.
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GOLPES RÁPIDOS:
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1) Seria pedir demasiado aos adeptos (de parte a parte) que parem de ofender as jogadoras rivais? Se acham que elas estão velhas, gordas, preguiçosas, etc, então escrevam isso mesmo, mas poupem-nos a todos (as) das “críticas de estrebaria“. Nem todas as mulheres podem ser senhoras, tal como nem todos os homens podem ser cavalheiros, mas tentem escrever algo mais criativo do que meras “brejeirices“.
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Quando o fazem, revelam-nos uma instrução ao nível de uns autênticos “filhos da puta“. Não vos enobrece, nem engrandece a instituição que vocês “representam”. Um cavalheiro não faz “guerra” a senhoras! Quem o fizer, estará a assumir-se enquanto biltre.
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2) Eu antigamente costumava dizer que o “problema” das mulheres na arbitragem era que apitavam todas as faltas e “faltinhas“, e consequentemente, “estragavam” a fluidez do jogo. Mas esta Sra Ana Afonso pareceu-me possuir o exacto oposto desse “perfil”.
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Se alguma coisa, diria que ela apitou muito poucas das inúmeras faltas que as forasteiras (o que convidou as anfitriãs a também “abusar” um pouco) fizeram, sobretudo sobre as nossas jogadoras mais tecnicistas (pobre Brendita…). Curiosamente, uma das árbitras mais “apitadeiras” que eu já conheci na minha vida, até era de Famalicão. E tinha umas belas pernas e um sotaque melífluo (como são a maioria dos Nortenhos).
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3) Curioso por ver o que a Andreia Bravo(17 aninhos) pode aportar a esta equipa no futuro.
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4) Repito, não veja este plantel – da forma como presentemente está construído – a lutar pelo título (aquele que mais nos interessa…). No máximo, vejo Mariana a voltar a fazer uma grande omelete sem grandes ovos e talvez, “amealhar” umas taças mais, o que sempre dá para as “Super-Predadoras” palitarem os dentes. Diria mesmo, que Mariana tem o perfil ideal para esta equipa, pois é excelente a potenciar “segundas escolhas”.
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Para mim, em princípio, a “Miss” é intocável e uma pedra basilar do projecto. Mas claro, com ovos (e salsichas de peru, e salsa) ele seguramente poderia confeiçoar um “pitéu” mais ao gosto do meu/nosso paladar. Não será por falta de “cozinheira” que iremos fracassar. Só lhe peço (a ela e não só) que tenha pulso nas jogadoras durante as inumeráveis paragens no campeonato.
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5) Gostei de ver o minuto de silêncio em honra de Fernando Chalana (um talento descomunal dentro dos relvados, e um homem muito reservado e educado fora deles) ser escrupulosamente respeitado.
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6) Li ontem numa carta aberta a seguinte frase:
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“o senhor Presidente(da Federação Portuguesa de Judo) Jorge Fernandes assume inúmeras funções, impondo inclusivamente decisões técnicas e de selecções nacionais que denotam falta de respeito pelos próprios treinadores”
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Gosto de Judo, mas não conhecendo as competências técnicas do Sr. Presidente Jorge Fernandes, não irei tecer quaisquer juízos de valor. Mas… não será isto a ponta de um “Iceberg” Federativo? Questiono-me, será isto assim tão invulgar? Uma federação ter dirigentes que dizem aos treinadores quem devem convocar? E inclusive, indago-me sobre quais os critérios para certas convocações. Serão meramente de ordem técnica, ou haverá algo mais “capcioso” em marcha? E nunca esquecendo, que os colaboradores dessas Federações são pagos com o dinheiro dos contribuintes.
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7) E agora, se me escusam, vou lavar-me e sair para ir à igreja rezar pela alma de Chalana e agradecer p’la PSP ter conseguido salvar a militar Vanessa Sousa após uma semana de aflição.
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Parque das Nações,
12 de Agosto de 2022,
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Texto: Santiago Gregório Fuentes.
Imagem: Direitos Reservados.
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Post-Scriptum: Perdoem-me a “blasfémia“, mas é impressão minha, ou a camisola alternativa das “encardidas” até é bastante bonita? Obviamente que dispenso o emblema, mas a cor, o padrão, aquele amarelo com umas “pinceladas pretas”… Muito agradável, e não escrevo isto apenas por terem a… “bem-composta” Lúcia Alves a modelar a dita fatiota.
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