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Bom dia, Sr Presidente Frederico Varandas
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Espero que esta missiva o encontre bem, sereno, lúcido e disponível.
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Devo começar por lhe “confessar”, que não votei em si, mas, é igualmente verdade, que também não votei noutra pessoa. É uma opção minha de há alguns anos a esta parte.
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Sou Sportinguista, mas “politicamente” prefiro manter-me distante, pois descobri que é uma excelente medida para combater a “poluição intelectual“, bem como hipotéticas mini-perturbações no estado emocional quando exposto ao populismo, nepotismo, narcisismo social e vassalagem que têm por hábito domiciliar-se em certas campanhas.
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A verdade é que o Futebol aparentemente faz mal ao sistema nervoso de muitos povos Mediterrânicos. Aliás, se calhar, em vez de um “Mata-Leão“, haverão por aí associados que precisavam antes era de uma receita para Clorpromazina, Sertralina ou Diazepam. Se o Futebol já perturba muitos “azonzados”, então que dizer da militância de alguns “Sportinguistas” para com um ex-Presidente…
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Escrevo-lhe com 100% de sinceridade, que não me considero nem Pró-Varandas, nem Anti-Varandas. E o ambiente no nosso Clube está de tal forma “inquinado”(pelo “fundamentalismo“) desde 2011, que alguns “militantes” ao saberem que alguém não apoia a “Pessoa X“, isso para eles, quer dizer que automaticamente, apoia a “Pessoa Y“.
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Nada mais equivocado, pelo menos, no meu caso. Eu não quero ser um “Varandista“, mas daí, nunca deduzam que isso fará de mim apoiante de um inenarrável (e imencionável) antecessor (“sic semper tyrannis!“) seu, ou qualquer outro “antagonista político” do Presidente.
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Pontualmente elogio medidas que o Sr Presidente tem tomado, e critico outras, mas na globalidade, prefiro uma distância “higiénica“. Provavelmente nunca serei seu partidário, tal como não pugnarei entre aqueles que à sua Presidência se opõem, e que o fazem com traços de uma “estupidez emocional” e vil ordinarice, intestemunhadas desde os tristes tempos em que um “Cabo Austríaco” ascendeu a um Chancelaria em 1933.
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Por vezes, questiono-me, se para certas pessoas que desejam tornar-se nossos associados, se para além de um cartão de sócio, se não deveríamos igualmente submetê-los a um teste da Escala de Inteligência Wechsler, e “peneirar” sujeitos abaixo de 85, bem como todo e qualquer cidadão com um certificado do registo criminal “preenchido”.
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Não tenho qualquer interesse em ver nas “nossas” Assembleias Gerais pessoas violentas, indecorosas ou antissociais. E alguns dos que vimos entre 2013 e 2018, acredito que possam sofrer de problemas de ordem mental, e para com esses, devemos tentar ser pedagógicos, ainda que mantendo alguma distância e tolerância limitada.
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Até conheço psicólogos que se cansaram de aturar criaturas que funestamente sofriam de Esquizofrenia Paranoide, portanto, se nem os profissionais de saúde mental conseguiram “aturar” gente tão básica, fanática, inimaginativa e repetitiva…
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Agora, sobre o assunto que me leva a escrever-lhe estas humildes linhas,
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Há duas décadas que gosto de Futebol Feminino, desde os tempos em que comecei a acompanhar o “trabalho” da Sra Mónica Susana Jorge ao serviço da FPF. Sempre acreditei muito no potencial dessa modalidade, não apenas em termos futebolísticos, mas igualmente (e sobretudo) em termos de marketing e “comerciabilidade”. E por isso, fiquei agradado, quando o seu inefável predecessor decidiu criar e apostar nessa secção.
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Não me vou arrogar do título de “perito“, mas penso que entendo mais (e serei porventura mais racional e perspicaz) sobre o Futebol Feminino do que o comum adepto.
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As nossas “Leoas” não são Campeãs Nacionais desde a primavera de 2018, e na minha perspectiva, há motivos vários por detrás desses sucessivos fracassos.
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Na minha opinião, o Sport Lisboa e Benfica (actuais Bi-Campeãs) têm melhor equipa do que nós. Têm mais talento, mais individualidades acima da média, e acima de tudo, parecem ser uma equipa mais atlética, mais dinâmica, e possivelmente, detentoras de uma maior “cultura de trabalho“. É isto que eu tenho observado nas últimas duas épocas.
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Não nos pode saciar a ambição (em teoria) prevalecer (e com grande mérito táctico da nossa Mariana Cabral) sobre elas num pontual “Mesociclo“, mas depois, ao longo de um “Macrociclo“, geralmente triunfam aquelas que têm uma superior ética de trabalho. Numa contenda ludopédica entre Futebolistas e… “Turistas“, geralmente não é necessária uma forte componente de raciocínio dedutivo para prever as vitoriosas.
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Tanto em 2021 como em 2022, previ com (pelo menos) um trimestre de antecedência que o Benfica iria ser Campeão. Estou a escrever isto pelas 08:32 de 29 de Julho, e é a minha forte convicção, de que o Benfica irá ser Tricampeão e provavelmente, com alguma margem de conforto.
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Pessoalmente, gosto da nossa “Miss” Mariana Cabral, é uma mulher educada, humilde, e que em termos de cultura táctica, me parece ser claramente diferenciada (da maioria das mulheres. E alguns homens, seguramente). O problema, é que apenas a componente táctica não chega para serem Campeãs.
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O Sr Presidente foi fortemente criticado (por adeptos com défice de capacidade argumentativa) pelas aparentes “varridelas” (no que a jogadoras diz respeito) que deu na secção em Maio de 2021 e 2022.
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Pessoalmente, eu já esperava (por copiosas razões) essas saídas, e algumas incomodaram-me, mas outras nem por isso, pois para mim, tínhamos algumas atletas que podem desfrutar de uma boa reputação junto da imprensa especializada, de alguns adeptos, e talvez até junto da Direcção Técnica da FPF, mas eu vi pelo Clube (e na Selecção) jogadoras sobrevalorizadas e limitadas (quer de ordem técnica ou atlética), e talvez também… pouco comprometidas para com o nosso projecto desportivo.
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Um dos factores exasperantes da Liga BPI, são as constantes paragens. E o problema do campeonato estar sempre a parar, é que esses hiatos poderão ser um convite à “ociosidade”. A maioria de nós, “proletários”, tiramos férias durante o verão, e ocasionalmente, durante a quadra natalícia.
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Mas uma rápida aferição junto dos Instagrams das nossas jogadoras, permite-nos perceber, que elas tiram férias em incomensuráveis ocasiões ao longo dos 10 meses da temporada desportiva. Quase que diria que elas tiram uma dúzia de “sabáticas” ao longo da temporada.
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Imagine o que seria, se Pote, Coates, Trincão, etc fossem de mini-férias uma dúzia de vezes entre 1 de Julho e meados de Maio. Na minha óptica, o estatuto de igualdade e profissionalismo (tão desejado pelas atletas femininas) inclui regalias, mas também responsabilidades.
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Consta, consta, que há uma equipa masculina de Iniciados na Academia, que na temporada de 2021/22, submeteu-se a mais do dobro das unidades de treino a que foram submetidas as atletas da equipa principal de Futebol Feminino. Se calhar, é porque esses meninos de 13 e 14 anos revelam maior disponibilidade para trabalhar do que as nossas mulheres-feitas.
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Por alguma razão, construímos a Academia. É uma “fortaleza” para se estagiar, e ali têm acesso a ginásio, campos de treino, nutricionistas, fisioterapeutas, etc.
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No entanto, se cada vez que houver um interregno, as nossas “profissionais”, optarem antes por ir fazer “Turismo” para Inglaterra, Espanha, Itália, Croácia, etc. Com todo esse “excursionismo”, quer-me parecer (e posso estar equivocado) que será difícil haver continuidade em termos de “cargas de treino” ou recuperação adequada.
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Quem esta prosa lhe escreve, não é cientista – embora, desde os anos 90 tenha umas “luzes” sobre Anatomofisiologia, Biomecânica e Metodologia de Treino – e por isso, presumo que a dispersão de Ácido Lático não se verifique com maior eficiência em Sevilha, Barcelona, Manchester ou nas praias do Adriático, do que acontece em Alcochete.
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Creio que as leis da física não são subvertidas a partir do momento em se passa para fora dos portões da Academia, ou se entra num avião na Portela.
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Se tal for o caso, então, se me perdoa o gracejo, despojadamente ofereço-me para escrever uma carta a Vladimir Putin, solicitando-lhe a vinda do Dr Grigori Perelman para vir cá estudar tais fenômenos, e com sorte, para além de Bolas de Ouro, ainda vêm também parar à Academia um Nobel da Física ou uma Medalha Fields.
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Que eu saiba, os “manda mais” do projecto, são o Sr Tomaz Morais e a “Miss” Mariana. Agora, sem qualquer “acusação” ou animosidade/inimizade (até porque, não conheço nenhum dos dois) da minha parte, questiono-me se eles “têm mão” na postura profissional das nossas jogadoras. Ou, se isto do Futebol Profissional é para nosso entendimento e o emprego delas, mas… na engenharia mental das jogadoras, possivelmente, se não será antes encarado como uma espécie de “part-time“, um “transtorno” útil somente para lhes financiar mini-férias atrás de mini-férias.
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Eu há muitos anos (décadas) li um livro de autoria de Andrew Hodges. E nesse calhamaço aparecia escrito, que a única forma de se ganhar uma guerra, era com Regras, Disciplina e uma Cadeia de Comando devidamente estabelecida e respeitada.
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No caso do Sr. Hodges, ele estava a fazer referência à Grande Guerra Mundial. Mas se da parte das nossas “magalas”, não houver a sensatez de ficarem por Alcochete a treinar, a recuperar, e a nutrir-se de forma condigna com o profissionalismo que tanto almejam. Então, talvez a medida profilática passe antes por lhes concederem menos folgas entre os jogos. E talvez assim, possamos todos em conjunto começar a vencer a “guerra” da Liga BPI.
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Estar ao serviço de uma instituição Supercentenária como é o nosso Sporting Clube de Portugal nunca poderá ser encarado (em teoria) como um “inconveniente” para o calendário social das nossas principescamente remuneradas colaboradoras.
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Não lhe peço Presidente que acredite ou deixe de acreditar nestas “peripécias” que trouxe à sua atenção, pois conheço bem o Sporting, e internamente, isto facilmente “degenera” para um “ele diz… nós dizemos o oposto!“. Como diria Charles Talleyrand a Napoleão Bonaparte, “não confie em nada, nem em ninguém. Somente nos seus olhos!”
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O Sr Presidente tem Instagram, e poderá averiguar com os seus próprios glóbulos oculares e competente acuidade visual. Somente lhe peço, que tendo “aprendido” o conteúdo da minha carta, que a partir de agora, esteja mais atento à conduta profissional das nossas “profissionais”, é a única medida que desejo que tome, apenas isso, e nada mais.
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Para mim (e outros Sportinguistas), enquanto tivermos uma equipa de “Turistas“, nunca mais voltaremos a ser Campeãs. E…! Todo e qualquer Euro canalizado para essa secção, será uma obscena má alocação de fundos por parte de quem administra o orçamento da Sporting SAD.
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Não haja equívocos, também precisamos de reforços, pois neste momento temos (cada vez mais) uma equipa “low cost” e “downmarket“, e não faz qualquer sentido “propagandear” ilusões de que vamos lutar pelo título. Eu fio-me, de que da forma como o plantel presentemente está constituído, iremos sim lutar pelo 2º lugar.
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Eu entendo e aceito as constrições financeiras, mas com este plantel e esta (aparente) atitude “amadora” e “veraneante” (12 meses por ano), duvido que “marchemos” para lá. Aliás, a diferença entre nós e as Bi-Campeãs é de tal ordem, que por vezes, quase parece que as nossas vão a pé, e as “outras” vão de chaimite, ou “montadas” num “Panhard“.
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Na minha estimativa, precisamos de muita coisa, mas entre elas, de um forte compromisso trabalhista. Senão, mais valem esses recursos monetários serem fadados para a nossa Secção de Xadrez.
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Entendo que as nossas atletas queiram (também eu queria muita coisa…) bons soldos, regalias e serem amplamente promovidas ao associarem-se à nossa “brand“. Mas, antes de requererem “Fuzis” ou “Espingardas“, talvez elas se devam preocupar é em passar mais tempo no “Quartel” a treinar.
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“Jurar bandeira” para a “photo opportunity” quando são contratadas é fácil. Mas depois, quando eclode a “guerra”, o que eu vejo, são as adversárias com mais raça, mais atleticismo, e melhor condição física. Como dizia o supramencionado Sr Hodges, sem Disciplina e Regras, não se ganham guerras.
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Talvez hajam mocinhas, que não obstante a “maricagem” das suas jovens mentes, quiçá ainda não tenham percebido algo de muito básico, e que eu “captei” com apenas 5 anos de idade. Que no dicionário, antes das palavras “Glória” ou “Férias” surgem as palavras… “Esforço“, “Dedicação” e “Devoção“.
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Faço votos, de que alguém as “eduque” nesse sentido. Ou que no mínimo, alguém esteja doravante mais atento à disciplina, empenho e sacrifícios necessários para conseguirmos ter um bom “Esprit de Corps” no seio do grupo.
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Inobstante a “varridela” feita em Maio, veja-se que já esta época, a pré-temporada começou a 1 de Julho, mas suponho que Mariana Cabral tenha dado o fim de semana de 9 e 10 de Julho de folga. E não é que houve quem tivesse “fugido” imediatamente para fora do País?
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Basta estar atento ao “orgulho” e parvuleza com que se “descortinam” no Instagram a “turistar“. E nem sequer foram apenas jogadoras, uma “treinadora” também foi “passear” com elas. Se este “vírus” alastra, qualquer dia, teremos o Morita, o Juste e o Rochinha a ir passar o dia de folga à Eurodisney ou ao Dubai…
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Na hipótese de haver orçamento para tal, as Sras Beatriz Cameirão, Nevena Damjanović e Telma Encarnação seriam excelentes reforços para nós. Mas, mantenho a minha fiel convicção, de que unicamente nomes sonantes(e alguns deles, presumivelmente dispendiosos) não bastarão para chegarmos a um novo campeonato nacional.
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Para isso, será igualmente necessário talvez mudar alguma espécie de “chip“. Mas quanto ao que fazer, deixo isso inteiramente à sua consideração e da sua “governance“.
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Repito, na minha humilde opinião, a menos que se verifique uma mudança de atitude e engajamento, todo e qualquer €€€€€ investido nessa secção, será “obsceno“, análogo a estarmos a atirar dinheiro para uma retrete ou lareira.
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Presidente, desejo-lhe todo o sucesso do Mundo, pois o seu sucesso será a felicidade e jubilação, minha e dos restantes Sportinguistas.
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Subscrevo-me reafirmando a minha total e completa lealdade (mas não ingenuidade) para com a instituição a que o Doutor Varandas preside desde 2018.
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Saudações Leoninas!
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Parque das Nações,
Sexta-Feira, 29 de Julho de 2022,
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Texto: Santiago Gregório Fuentes.
Imagem: Direitos Reservados.
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