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Se formos a comparar atletas masculinos e femininas, seja em que desporto for, duas nuances saltam imediatamente à vista: a diferença em atleticismo, e a desigualdade em tecnicismo. Mas, tendo eu – à distância – observado o Futebol Feminino nos passados 20 anos, posso escrever, que o “abismo” em termos técnicos, tem vindo a ser abreviado.
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Hoje em dia, as jogadoras da Selecção já se “gabam” de um virtuosismo técnico respeitável, e a diferença em qualidade, delas para com eles, prende-se agora sobretudo com questões físicas, nomeadamente de atleticismo, velocidade, explosividade, impulsão, força, intensidade, durabilidade, etc.
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E na minha opinião, as jovens jogadoras que aí vêm a seguir, são tecnicamente ainda melhores do que a actual geração, portanto, apenas lhes fica a rarear na matéria de fisicalidade, e para ultrapassarem esse óbice, será necessário tempo, genética, prospecção, nutrição e ginásio. Queiram elas ser descobertas e trabalhar…
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Portanto, obviamente, que somente uma pessoa intelectualmente desonesta ou ignorante, poderia afirmar, que o Futebol Feminino tem a mesma qualidade que o masculino, pois visivelmente não o tem! Eu escreveria mesmo – e sem qualquer exagero – que o Futebol praticado por mulheres adultas, está fisicamente ao nível daquele patenteado por rapazes de 13 anos. E faço este “confronto”, pois já vi a Selecção Nacional Feminina principal, a jogar contra equipas masculinas regionais de Sub-16 e Sub-14, e os “homens” foram claramente supremos.
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No entanto, no meio deste défice de qualidade futebolística, devo escrever, que há duas jogadoras que me encheram as medidas. Foram elas, a sérvia Nevena Damjanović e a portuguesa Cláudia Neto. Por que razão estas duas sobressaíram? Diria que o conseguiram sobretudo pela intensidade com que jogam, aliás, disse uma vez a Nevena, que ela “jogava como um homem”, congratulação essa, que aparentemente colheu a sua aprovação.
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Nevena via jogar pelo “meu” Sporting. Já Cláudia, sinto-me embaraçado de escrever, que só a “descobri” há um ano, quando a vi jogar por Portugal na dupla jornada contra a Rússia. A Sra Neto saltou-me logo à vista. Com a excepção de Fátima Alexandra Pinto e Andreia Norton, as médias Portuguesas “fogem” do contacto físico nas pelejas que se verificam na medular, mas Dª Cláudia mete o pé onde as outras nem uma barra de ferro corrugado meteriam.
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Sim, Cláudia tem coragem e durabilidade. E, para quem estava habituado às “fumegantes”(têm dias….) “Tatianas” e “Brendas” que jogavam de salto-alto, com técnica perfumada, mas… “mariquinhas” ao choque, Cláudia foi mais uma daquelas (poucas) mulheres que jogavam “à homem”. Fiquei imediatamente “fidelizado”.
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Recentemente, a Sporting SAD anunciou as já esperáveis saídas de Joana Marchão, Fátima Pinto, Marta Ferreira, Neuza Besugo, Andreia Jacinto, Doris Bacic e Mariana Larroquette, sendo que até ao momento, só contrataram Cláudia Teresa Neto. Foi mais uma “varridela”, tal como se tem tornado “tradição” no mês de Junho.
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Objectivamente, Cláudia Neto é melhor jogadora do que Fátima Pinto e Andreia Jacinto? Penso que sim, pelo menos, tem sido num passado recente, mas ela já tem 34 anos, enquanto as outras duas, tinham 26 e 20 anos. Se com Fátima e Andreia poderíamos ter idealizado um ciclo para 6 anos, com Claúdia, talvez o possamos fazer para… dois ou três anos.
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Eu há muito que formulei a teoria, de que o auge atlético dos homens dá-se aos 28, e o das mulheres(que também são mais precoces, pelo menos, em oportunidades) ocorre por volta dos 23 – devo acrescentar, que a Directora Mónica Susana Jorge não concorda comigo(embora, concorde noutras coisas), e ela disse-me(e não foi hoje, nem ontem) isso mesmo – e se essa suposição estiver acertada, se o auge das mulheres surgir 5 anos mais cedo, então, uma atleta de 34 anos, já é atleticamente mais “velha” que um atleta masculino com a mesma idade.
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De qualquer forma, não tenhamos ilusões, o nível de exigência da Liga BPI é atroz, basta vermos como nas equipas “pequenas” – amadoras ou “semi-profissionais” -, os colectivos entram em campo quase sempre com duas ou três “gordinhas“. Então nas balizas, o que não tem faltado são espécimes, que mais do que atletas, têm “pinta” de “seccionistas” da pastelaria “Califa“. No meio destas “moles”, suspeito que mesmo trintona, Cláudia continuará a “reinar”.
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Sejamos sérios e imparciais nas reivindicações, pois ninguém – nem “eles” nem “elas” – aceitaria jogadores obesos nas equipas masculinas. A emancipação também se faz de disciplina, ambição e padrões de exigência, e não, com dois pesos e duas medidas. E no que a “peso” diz respeito, ele tem surgido em demasia, e as “dimensões”, são reminiscentes da tenda principal do Circo Cardinali…
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Nunca escondi, que para mim, Tatiana Vanessa Pinto e Joana Filipa Marchão eram duas… “úlceras” na “Leoa”, e inclusive, previ, que o Sporting não voltaria(e não voltou) a ser Campeão, enquanto não se desfizesse dessas duas “chagas”.
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É inquestionável que são duas futebolistas com apreciáveis qualidades técnicas, mas, para mim(que sou falível) denotei-lhes sempre um défice na vertente física e talvez também no empenho e foco. Não creio ser possível lutar por títulos com “pseudo-modelos”, com “activistas” e com “turistas” a bordo, necessitamos de mulheres 100% comprometidas com um projecto desportivo, e com disposição e pujança para laborar a época toda.
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Relativamente à saída de Doris Bacic, devo dizer que estou surpreendido, pois a espaços, penso que demonstrou qualidade ou potencial, para ser a melhor “Redes” do campeonato. Se não ficou porque vem aí melhor, então, aceitarei placidamente a sua exclusão.
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Escreveria que quase toda a equipa rendeu mais durante a 1ª volta do que na 2ª – e seguramente, houve motivos para tal… – e nessa quadra áurea, não só Doris parecia ser a melhor “guardiã” do campeonato, como inclusive, parecia ser superior à sua antecessora, Inês Pereira. Presumo que a sua saída se deva à filosofia da treinadora, e devemos respeitar a “Miss”, pois sobre estas questões, ela presumivelmente deterá autoridade intelectual sobre todos nós.
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No que diz respeito a Marta Maria Ferreira, para a minha pessoa, o seu egresso é totalmente pacífico. Parece ser uma moça inteligente, tem alguma qualidade e ainda é jovem. Mas não mostrou competência para ser titular, e neste momento, o Sporting tem que se focar em burilar a capacidade do seu XI titular. Marta é boa jogadora, mas não creio que fosse capaz de “desalojar” qualquer uma das nossas titulares.
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É pena, mas creio que a sua saída resultou de um convénio de interesses, e, também não vamos querer fazer de Marta Maria a última “Granny Smith” na mercearia, ou a última garrafa de água no armazém de Monchique…
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O saimento de Mariana Larroquette não me causa qualquer apreensão, e mais, escreveria que ela se trata de (mais)um “olho negro” na prospecção do Sporting, no que diz respeito à sua capacidade de minar(não no sentido bélico…) por novos talentos em outros mercados. Neuza Besugo deixará saudades, não é um talento superlativo, mas eu via-a como uma boa influência no balneário, desejo-lhe tudo de bom.
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Quanto a Marchão e Tatiana, abençoados sejam esses “sepultamentos”. E escolhi cuidadosamente o meu substantivo masculino, afinal de contas, os “pátios de ossos” estão cheios de insubstituíveis, e para mim, essas duas, tinham talento, mas talvez não tivessem o comportamento de verdadeiras Campeãs. E a ver vamos que sucesso(ou fracasso) elas terão fora de Alcochete.
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Aliás, lamento é que ainda não tenhamos “tumulado” Ana Borges e Rita Fontemanha, duas atletas cujo tempo já veio, e… já foi! E mal do Futebol Feminino, se no mercado não houvessem melhores opções do que essas duas. É a lei da vida!
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Quanto a Tatiana, já fiz o meu prognóstico, o de que ela irá “naufragar” em Espanha, e em dois anos estará de volta à Lusitânia para “cumprir serviço” num qualquer Famalicão. Já Marchão, suspeito que o seu nanismo e vagarosidade lhe irão tornar auto-evidente que ela na realidade não é a atleta que ela, a imprensa ou a Directora Técnica da FPF querem fazer dela.
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A saída que mais me incomodou nos dias de São João mais recentes, foi mesmo a de Carole Costa, uma “jogadora de estrutura” que devia ter sido valorizada. Deixem ir as Marchões e Tatianas, mas o “aço” na nossa retaguarda era o alicerce-mestre do nosso edifício futebolístico.
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Por que razão saíram Marchão, Pinto e Jacinto? Na minha perspectiva, a SAD não consegue competir com as propostas que surgiram do estrangeiro. Ou então, elas tinham contratos assinados em períodos de… “despesismo eleitoral“, e à luz da racionalidade contabilística pós-Azevedo, esses contratos tornaram-se incomportáveis. Não me surpreende.
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Tenho pena da ida de Fátima Pinto, pode não ser uma jogadora super-talentosa, mas em termos de personalidade, suspeito que com 11 “Fátimas” em campo, estaríamos a celebrar um bicampeonato. Nunca subestimem a importância de uma personalidade conscienciosa num antro em que aparenta reinar um défice de atenção futebolístico em favor de férias, excursões e turismo.
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Até ao momento, as “rubras” já se fortaleceram com Andreia Alexandra Norton, Ana Rute Costa, e Daniela Silva. Já nós, até à presente data, apenas adicionámos Cláudia Neto. Sei que alguns “Leões” gostavam que tivéssemos licitado pelos préstimos de Andreia Norton, mas para ela vir, Brenda Pérez perderia espaço no nosso XI, o que, talvez até fosse positivo…
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Na minha perspectiva, Andreia é (infelizmente) uma jogadora “à Benfica”, ou seja, uma jogadora fisicamente vigorosa, enquanto nós parecemos optar antes por um perfil mais tecnicista, mas depois, na recta final das temporadas, parece que nos falta alguma potência, robustez e… “ganas”.
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Diga-se, que Cláudia Neto “foge” a esse perfil, e por isso, é uma “troca” interessante para o “posto” de Fátima Pinto. Fica-nos a faltar uma média mais recuada, e pela “corrente sanguínea” das redes sociais e fóruns, já circulam uns “”zunzuns” de que o próximo complemento para a nossa “armada será efectivamente uma média mais para jogar atrás das médias-centro.
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Já há um ano, eu alertei para o erro histórico e geracional que seria, deixarmos Maria Negrão ir fortalecer as “rúbidas”. Tendo elas já Francisca “Kika” Narazé, para quê deixá-las também “amealhar” mais uma prodígio como Negrão? Este ano, parecemos estar na mesma “onda”, a de não sermos licitadores pelas “Andreias” e “Rutes”. A continuarem assim, desassossegados, os adeptos do Sporting ainda vão precisar de ir à farmácia repor o stock de Valium. Talvez o Dr. Varandas passe a prescrição.
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Do que conheço(e não é muito, escreva-se) do mercado. Identificaria 3 jogadoras que poderiam nos tornar mais competitivos. E seriam elas, Nevena Damjanović do CSKA de Moscovo(que a FIFA “saneou”), Telma Raquel Encarnação do Marítimo, e Beatriz Isabel Cameirão.
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Beatriz estará “acessível”? Não querendo ser indiscreto, mas em finais de Maio, “senti” Beatriz comprometida com o Futebol, mas 3 semanas depois, virou as costas ao desporto para se ir antes dedicar aos estudos. Por mais nobre de carácter que isso seja(e ela é nobre), se eu evocasse a lógica… supostamente, o tecto salarial nas “vermelhentas” é de 8000€, portanto, menos do que alguns assessores de imprensa já receberam.
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Suspeito, que se a proposta de renovação de contrato tivesse valorizado os sacrifícios de Beatriz, ela teria continuado a jogar pelas “rúbeas”. Se em parte, for uma questão de “cabedal monetário“, então, só posso dizer, que uma (Santa?) trindade com Cláudia Neto, Beatriz Cameirão e Brenda Pérez seria linda de se ver no nosso meio-campo. E, para além de talento e juventude(21 anos), creio que Beatriz, tal como Cláudia, traria com ela uma ética de trabalho que as “romeiras” não nos têm aportado.
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Algumas pessoas(espero que não em Alcochete…) talvez pensem que podemos suprir as “subtracções” com promoções da formação em vez da adição de reforços. Eu duvido seriamente dessa estratégia. Para mim, nos próximos tempos, não vem aí nenhuma outra “Andreia Jacinto“. Podem sim, é vir algumas “Alícias Correias“, mas com o devido e total(!) respeito que ela me merece, não me parece que uma equipa com “Alícias” consiga vencer campeonatos. Por favor, não vamos por aí…
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Relativamente à “Miss” Mariana Cabral – com quem simpatizo pessoalmente – eu talvez me tenha excedido, talvez tenha sido “prisioneiro do momento” quando no Outono de 2021 a “ordenei” e “armei” a melhor treinadora do campeonato, ou até mesmo, uma “Rúben Amorim/Nuno Dia de saias”. Agora, em retrospectiva, fico com a ideia, de que ela não é essa “Uberfrau” que eu a julgava. Penso que a melhor forma de elogiar Mariana, é escrever que ela taticamente é muito forte, e tem uma capacidade de potenciar(até certo ponto…) jogadoras que à partida poderiam parecer-nos(a nós leigos) – e talvez com razão para isso… – “suplentes crónicas”.
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Penso que os 5-1 às “encardidas” a 26 de Setembro de 2021 em Alcochete foi o… “momento torreão” da Miss Mariana. Nessa tarde, a equipa Leonina manietou por completo as “ruivas”. Vi ali jogadoras adversárias de grande nível ficarem completamente “perdidas”, como que se as “Leoas” tivessem atingido a dádiva da multiplicidade, ou se calhar, apenas o da… cultura táctica, dos posicionamentos, antecipações e desmarcações sãs. Fosse o que fosse, nesse entardecer, as “Felinas “estiveram léguas acima das detestáveis “aves”.
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O problema, é que uma equipa Campeã, não se faz apenas de tácticas, também há que valorizar o talento técnico-atlético, e a cultura de trabalho. A concepção com que fico, é que no Outono, o Sporting taticamente foi mais culto. Mas depois disso, as “vermelhaças” simplesmente trabalharam mais do que nós. E por vezes, o trabalho consegue superar muita coisa, ainda para mais quando já são a equipa mais talentosa, ou no mínimo, a “esquadra” com uma maior dinâmica física.
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Isto é Julho de 2022, e uma coisa eu sei. Não iremos ser campeãs com uma equipa de “turistas” nem “activistas sociais“. Essas, são boas é para andarem pela Selecção a “passear” com a “Deputada”, e a fazer discursos e “Relações Públicas”, pois disso é que ela aparentemente gosta ou entende. E, é inegável que a Selecção Nacional não tem cultura nem tradição de triunfos, portanto… Já para nós, SPORTING, ou isso muda, ou estaremos a perder tempo e dinheiro, mas a enriquecer as farmacêuticas, e todas as restantes “cornucópias” de ansioliticos…
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Já todos nós que vibramos com o Futebol mulheril tínhamos a obrigação de saber – e fazer – mais e melhor.
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Parque das Nações,
1 de Julho de 2022,
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Texto: Santiago Gregório Fuentes.
Imagem: Direitos Reservados.
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Em FUTEBOL
FUTEBOL FEMININO DO SPORTING: CLÁUDIA NETO E QUANTAS MAIS, OU… O QUÊ MAIS?
4 de Julho, 2022
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