Até ontem à noite, o Sporting contava com 16 jogos para o campeonato na presente temporada, 14 vitórias e 2 empates. A questão que me assalta desde a derrota de ontem, é sobretudo esta… o Santa Clara foi melhor que as outras 16 equipas que perderam ou empataram com o Sporting, ou…. o Sporting é que foi… menos do que tem sido habitualmente? Para mim, a resposta é fácil, ontem viu-se menos Sporting, bastante menos. Os “Leões” ontem mereceram perder, talvez até seja um (infelizmente)necessário “alerta à navegação” para os jogadores, pois o Sporting de ontem, teria perdido vários dos 16 jogos anteriores na Liga.
Encontrar um MVP no meio do “naufrágio” não é fácil, mas encontrar “culpados“… Luís Neto(invulgarmente ansioso) voltou a mostrar a sua faceta de “Mister Hyde“, e Ricardo Esgaio mostrou a sua pior versão. Mas foram peças que falharam num colectivo que também ele esteve longe daquilo a que já nos habituou.
Os Americanos costumam chamar de “Monday Morning Quarterbacks” aos adeptos que depois dos jogos dizem ter antecipadamente visto os problemas todos, mas… se o Sporting não tinha outra hipótese senão jogar com Neto, já em relação a Palhinha, devo agora dizer, que antes de ser afastado, ele era dos melhores elementos do Sporting, mas a verdade, é que Manuel Ugarte quando o substituiu, revelou-se ligeiramente superior a Palhinha, e Ugarte devia ter mantido a titularidade, ou a mesma não deveria ter sido devolvida a Palhinha de forma tão “leviana”.
Para além de Palhinha merecer banco, Pote neste momento estaria igualmente sentado, caso houvesse alternativas, mas somente um tolo sentaria Pote para meter Tiago Tomás, ou arriscaria sentar Pote, para meter Flávio Nazinho no XI a lateral e adiantar Nuno Santos no terreno. Se Esgaio merece perder o lugar para Gonçalo Esteves no “depth chart” dos laterais direitos? Não quero ser… “prisioneiro do momento” e decidir a quente, pois Esgaio quando está num “dia Sim”(e já teve alguns esta época), a realidade é que em alguns aspectos, ainda é superior a Esteves, portanto, calma! Já perdemos um jogo, não queremos também “queimar” e perder um jogador, ainda para mais, um polivalente.
Sejamos sérios, à partida, olhando para o XI titular, apesar de todos os ausentes por covid, nem sequer se pode dizer que fosse um XI particularmente fraco, claro que haveria um par de jogadores que em condições normais não seriam primeiras opções, ou um par de outros que de momento não estão em forma, mas de resto, não havia razões para grandes ansiedades pré-jogo, até porque o Sporting tinha vencido 6 dos seus 7 jogos “sans” Rúben Amorim. No papel, o Sporting entrou para este jogo, com um XI mais do que suficiente para vencer os Santa Claras desta vida.
Não podemos “queimar” jogadores, pois a realidade é que ontem, Pote, Sarabia e Paulinho, todos eles tiveram oportunidades para marcar(ou marcar mais), não o fizeram, porque a equipa foi demasiado passiva, mas estes mesmos jogadores em condições normais(ontem, com mais eficácia e concentração, podiam ter elevado o resultado para um 5-3 a nosso favor), vão voltar a fazer a diferença e ganhar-nos jogos. Esgaio(mal a defender, e mal a atacar, pouca pressão sobre o transportador da bola) e Neto estiveram ambos mal, e questiono-me sobre até que ponto, a “trapalhice” ou nervosismo de um… não terá “infectado” o outro, atendendo a que estavam a jogar muito perto um do outro. Uma coisa é certa, a equipa ontem “chorou” por Pedro Porro e Gonçalo Inácio.
Ontem, até o “Metrónomo” Sebastián Coates parecia outro, e a sua “ausência” fez-nos muita falta nos segundos 45 minutos. Aliás, diga-se, do trio de centrais, ontem o… “menos mau“, acabou por ser Matheus Reis, quem tal diria há 3-4 meses? Também Nuno Santos mostrou a sua pior faceta, aliás, esse foi o principal problema, foram demasiadas unidades(Neto, Coates, Esgaio, Santos, Palhinha, Paulinho, Pote e até Sarabia) que escolheram a mesma noite para terem um rendimento menor. Se tivéssemos(e felizmente, não temos) que “fuzilar” quem fracassou ou defraudou ontem, diria que somente Antonio Adán, Reis e talvez Nunes(a atacar) escapavam ao “pelotão de fuzilamento”.
Bruno Tabata entrou, mas pouco acrescentou, e Daniel Bragança conseguiu fazer ainda pior, foram apenas mais dois que ontem estavam em “Dia Não”. E, já que critiquei Esgaio e Neto, é importante igualmente dizer que Nuno Santos(mal, sobretudo, na 1ª parte) também não foi grande ajuda para Matheus Reis. Para mim, a falta de agressividade colectiva, em muito se deveu ao sub-rendimento do miolo, Palhinha esteve mal(sobretudo na 2ª parte), e Matheus Nunes a defender também deixou algo a desejar(foram dois “pitbulls” que ontem poucas vezes mostraram os “dentes”), que falta fez ali um Ugarte.
Na véspera deste jogo, na conferência de imprensa de antevisão, esteve o treinador-adjunto principal, Carlos Fernandes, e na minha opinião, ele falou demasiado, não o fez por mal, mas devia ser mais contido, um pouco, como um arguido em tribunal, respostas curtas, directas, e sem voluntariar informação desnecessária. Tantas vezes temos visto nos jornais informações de que jogador A, B ou C está infectado, e o Sporting na maioria das vezes nem sequer o confirma de forma oficial. Carlos Fernandes, do nada, revelou que José Màrsa estava infectado. Para quê? Se alguém o devia fazer(se o quisessem), seria o Departamento de Comunicação do Sporting através site oficial.
Fernandes também, revelou ao Mundo qual é o protocolo anti-covid que o Sporting segue internamente. Se porventura, o Sporting está a lidar melhor com a pandemia do que um Benfica, então para quê fazer sair cá para fora qual é a metodologia e “modus operandi” que tem estado a ser usado com relativo sucesso dentro do Sporting?
Texto: A.C.F.
Imagem: Sporting CP.