Depois de umas críticas(bem-intencionadas) feitas por mim(ver AQUI) a Rúben Amorim, eis que ontem(versus Arouca), por coincidência, ele promoveu várias alterações, tantas aliás, que revelou coragem ao fazê-las. Ricardo Esgaio a “central-destro” em vez de Luís Neto, Matheus Reis na esquerda em vez de Zouhair Feddal e Nuno Santos em vez de Rúben Vinagre. Tudo isto, num 3-5-2 com 3 médios, mas que se desdobrava num 3-4-3 a atacar e permitia combinar João Palhinha, Daniel Bragança e Matheus Nunes todos no mesmo XI titular. Grande mérito do Treinador, que consegue fazer tantos “tweaks” na sua equipa e mesmo assim, mantê-la bem rotinada e competitiva(embora, contra um adversário “menor”).
A primeira surpresa começou com apenas 1 central(Sebastián Coates) de raiz no XI, e com a entrada de Daniel Bragança para o XI, especulou-se pré-jogo, que a equipa poderia jogar num 3-4-1-2, com Bragança a “10” atrás de 2 avançados. Terá sido este Sporting versão com 3 médios vs Arouca uma experiência para futuros jogos na Champions? A equipa que vi ontem, não me pareceu(por enquanto…) preparada para adversários mais fortes do que os Aroucas desta vida. Muito trabalho pela frente para esta equipa ser competitiva com esta nova “roupagem”.
Nem sequer se pode dizer que os “Leões” tenham realizado uma grande exibição(mas foram dominadores a espaços, no início e após o golo sofrido), nem tal lhes poda ser assacado, com tantas alterações e experiências. Particularmente, as criticas devem incidir na falta de acerto na finalização durante a 1ª parte, e no facto de se terem limitado a gerir o resultado depois de fazerem o 2-1. Matheus Nunes jogou pela esquerda(posição que não lhe é completamente estranha) e jogou bem, “forçando” Nuno Santos a jogar como ala, posição onde sempre pareceu render mais do que a extremo, Rúben Vinagre que tome nota desta subida de forma de “Santini” a lateral. Curiosamente, os 2 golos vieram do corredor esquerdo, Matheus Nunes e Nuno Santos.
Daniel Bragança enquanto teve “pilhas” foi dos elementos em maior destaque, mas, à imagem de Vinagre, parece ainda não conseguir durar mais do que 60 minutos em alta-rotação, e parece faltar-lhe algum físico/corpulência para ser jogador de Top no Futebol sénior. João Mário Eduardo(agora no Benfica) tem muitas vezes sido comparado com Matheus Nunes, e com razão, pois foi Matheus que herdou o seu “lugar”, mas a realidade, é que em termos de características físico-técnicas, Bragança assemelha-se mais a JME do que qualquer outro jogador no plantel Leonino.
Já Pablo Sarabia, quem eu tinha criticado(parece que dei sorte…) recentemente, fez 45 minutos muito bons, e a sua cara, foi a principal face do desperdício, fez duas assistências, mas esbanjou outras oportunidades, mas indubitavelmente, sai deste jogo com razões para estar com a confiança mais alta. Paulinho foi o Paulinho do costume, luta, constrói jogo, tem oportunidades(duas boas oportunidades), mas os golos nem sempre aparecem, embora verdade seja dita, aparentemente, pouco tem a temer(até agora) da parte de Tiago Tomás enquanto concorrência. Manuel Ugarte teve 10 minutos para se mostrar, e esteve vem.
Escolher um “homem do jogo” não foi fácil, gostei(e indubitavelmente, Sofia Oliveira também…) de Daniel Bragança(o MVP consensual para a maioria dos adeptos), que só durou 60 minutos até que os seus “reactores” se desligaram, mas pela sua tranquilidade, superlativa qualidade técnica, visão de jogo, qualidade no passe, etc, parecia que estava ali um “clone” de João Mário Eduardo, diria que “Dani” merece começar o próximo jogo(no Restelo) a titular. Mas para mim, os meus favoritos foram Nuno Santos(muito mais forte a defender do que Vinagre) e Pablo Sarabia, ele que ontem finalmente já se pareceu com o Sarabia do Sevilha, com duas assistências e um pé já mais calibrado no passe.
Não desgostei de Matheus Reis, aliás, poder-se-ia mesmo dizer, que ontem, Reis fez o seu melhor jogo desde que chegou ao Sporting, claramente melhor que Vinagre a ler o jogo, e a atacar pela certa, mostrou quase sempre boa velocidade.
A escolher um “flop of the match“(e isto não me dá qualquer prazer), infelizmente, teria que escolher o “ceguinho” habitual dos Sportinguistas, Ricardo Esgaio, ao central/lateral direito, denotou-se a sua falta de velocidade no lance do golo Arouquense. Esgaio revelou ainda erros de posicionamento(a jogar enquanto central), e felizmente, o seu “padrinho”(apenas algum humor sem maldade) aos 64 minutos tirou Pedro Porro de campo, fez entrar Luís Neto(esteve sólido) para central, e mudou Esgaio para lateral direito, onde sem surpresas, o seu rendimento subiu(marginalmente).
É igualmente justo dizer-se que 3 habituais MVPs, ontem estiveram abaixo do seu nível habitual; Sebastián Coates(vários duelos perdidos, passes errados, e “despejou” em demasia), João Palhinha e Pedro Porro ontem pareceram “impostores”. Já Bruno Tabata e Jovane Cabral não conseguiram fazer a diferença vindos do banco.
Texto: A.C.F.
Imagem: Sporting CP.