O Sporting Clube de Portugal voltou a perder para a Champions, mas no processo, talvez tenha ganho algumas individualidades para desafios futuros, na Europa e não só.
Luís Neto voltou a ser titular na direita, e deve estar cada vez mais confiante e rotinado, pois assinou a sua melhor exibição esta época, muito forte na antecipação, no “tackle” e até a espaços no passe, neste momento, deixa de haver pressa num regresso de Gonçalo Inácio para “fechar” a direita.
Apesar do público voto de confiança em Rúben Vinagre, neste jogo, Rúben Amorim elegeu dar a titularidade a Matheus Reis, e sem grande surpresa, isso influenciou a prestação de Zouhair Feddal. Li online que Feddal esteve mal neste jogo, disparate(!!), Feddal juntamente com Neto foram os dois melhores centrais, um nível acima de Coates(não complicou, nem deslumbrou). Já Matheus Reis, cumpriu com as suas funções, não deslumbrou com a bola nos pés(tal como Neto), mas defendeu bem e esteve sereno, uma agradável surpresa, sobretudo, para os seus detractores(como é o meu caso).
Pedro Porro, é habitualmente das melhores unidades Leoninas em jogos do Campeonato, mas vs Dortmund, esteve competente na globalidade, mas no ataque não fez a diferença a que já nos habituou em jogos contra adversários “menores”.
Na frente de ataque, a impressão com que fiquei, é que o Sporting não tem qualidade para ter reais aspirações na Champions League; Jovane Cabral, Nuno Santos(falta de recursos técnicos?), Tiago Tomás e Paulinho podem ter(ou não) virtudes suficientes para virem a ser Bi-Campeões em Portugal, mas na Europa são curtos.
Já muitas vezes elogiei a dupla João Palhinha e Matheus Nunes, mas neste jogo… notei alguma falta de agressividade e falta de faltas cometidas, até parecia que estávamos a jogar em Alvalade. A ideia(eu que não sou Treinador) com que fiquei, é que em certos momentos de certos jogos esta época, o Sporting beneficiaria de mudar do 3-4-3 de Rúben Amorim para o 3-5-2 de Mariana Cabral para ganhar o meio-campo, mas o Mister já deu a entender, que mais depressa mudaria para um 4-2-4. O Dortmund no seu 4-3-3, muitas vezes teve 3 elementos(Mahmoud Dahoud, Jude Bellingham e Axel Witsel) para lidar com apenas 2 do Sporting no meio-campo, fez lembrar quando o 4-4-2 losango de José Mourinho “asfixiou” o 4-3-3 de Fernando Santos nas Antas em 2003.
Apesar do Dortmund ser uma equipa com maior cartel mediático, sinceramente, achei o Ajax um adversário mais duro de roer, ao ponto, em que um empate a uma bola vs Dortmund não teria sido uma surpresa. Achei que o Sporting foi demasiado defensivo e passivo, a aposta em Neto em vez de Esgaio, Reis em vez de Vinagre, e talvez até Sarabia em vez de Jovane, “denunciaram” logo isso. Em Portugal, Matheus Nunes pode subir no terreno, que Palhinha “multiplica-se” e compensa tudo, mas na Champions, Palhinha “sozinho” contra 3 médios do Dortmund é uma receita para falta de faltas e demasiado espaço.
Mourinho quando treinava o FC Porto, ocasionalmente jogava em 4-3-3 em Portugal, e em 4-4-2 na Europa, e Rúben Amorim devia considerar jogar com 3 médios nos jogos Europeus. Por exemplo, um 3-5-2 com Ugarte, Matheus Nunes e Palhinha no miolo, e Tiago Tomás(ou Jovane) a deambular atrás de Paulinho na frente. Não entendi a aposta em Sarabia no ataque, fica a ideia de que o Espanhol joga para que a equipa possa ter mais posse, gerir mais a bola, ser menos repentista(do que seria com Jovane) e jogar um futebol mais pensado, e mais a pensar em Paulinho.
Até ver, não tenho gostado de Sarabia, não achei que tivesse ajudado o suficiente Porro a defender, desequelibra pouco na ala, e a equipa já tinha tantos pontos de interrogação para este jogo, que não me parece que fosse altura para se meter Tiago Tomás a titular, mais a mais, no flanco. Para mim, Tomás é um 2º avançado, mas que no sistema certo, pode jogar a extremo(como fez vs Dortmund) ou a “9“, mas parece-me ser um daqueles “noves” de 4-3-3 na formação que depois não se adaptam ao futebol senior, por não terem dimensão física para isso, e inevitavelmente, são encostados ao flanco, tal como há anos fizeram a Wilson Eduardo.
Para mim, o único “silver lining” deste jogo, foi ver João Goulart e José Marsà no banco de suplentes, sinal de que estará para breve o seu “baptismo de fogo”.
Texto: A.C.F.
Imagem: Sporting CP.