O desaire de ontem por 5-1 foi sintomático de algo estruturalmente errado, ou, foi apenas um “solavanco na estrada”? Vi(li) que muitos Sportinguistas(?) já estão a criticar excessivamente o treinador e a “queimar” uma miríade de jogadores, mas continuo a confiar neste grupo de trabalho, embora deva confessar, que depois da derrota de ontem, tenho dúvidas que consigamos vencer ou empatar o outro jogo com o Ajax ou qualquer um dos jogos vs Borussia Dortmund, e mesmo vs Besiktas, não estou muito confiante. Se porventura, conseguirmos “sacar” 7 pontos, já será um “milagre”. Os Americanos têm uma expressão que é “chalk it up to experience“, e quer-me parecer que esta nossa “tournée” pela Champions em 2021, irá servir sobretudo para que este grupo de jogadores se habituem a este nível de exigência, de modo a estarem mais bem preparados para semelhantes desafios vindouros.
Se estivessem ao nível da época transacta, e não estão, eu diria que Zouhair Feddal(muito lento para este nível) e Rúben Vinagre(muito nervoso, e… “intimidado“?) chegam para lutar pelo campeonato nacional, mas na Champions deram sequência ao que já tinham mostrado no clássico(ver AQUI), que sem Nuno Mendes, Feddal parece render menos. A estes dois titulares, adiciono Ricardo Esgaio e Luís Neto, e nem quero falar de Matheus Reis, senão… daqui a bocado, tenho que ir à farmácia medir a minha tensão arterial. A verdade, é que Pedro Porro, Sebastián Coates, Gonçalo Inácio e Nuno Mendes são difíceis de substituir, e ontem o Sporting, a partir dos 20 minutos, jogou sem 3 desses craques, e o resultado foi o que se viu.
Na C.I. pós-jogo, Rúben Amorim diz que tirou Vinagre aos 46 porque sentiu que não era a noite dele, e não queria ver o jogador sofrer mais, aliás, já durante a primeira parte, o Mister se tinha abeirado do jogador, e lhe tinha dado umas “chapadinhas” para ver se o incentivava e acordava. Eu até posso aceitar retirar Vinagre de campo, mas retirá-lo para fazer entrar Matheus Reis??? Ai minha Nª Srª!!! Preferia que Amorim tivesse trocado Vinagre por Sarabia, recuava Nuno Santos para lateral, e metia Sarabia como avançado-esquerdo, podendo oportunamente ir trocando de flanco com Jovane.
Luís Neto como é habitual, deu tudo o que tinha, e como é seu registo, tudo o que ele tem para dar, raramente excede um nível mediano. Para mim, Neto na melhor das hipóteses tem nível para ser suplente no Sporting, nem sequer lhe confiava a titularidade num jogo de Taça. Agora que Amorim perdeu Inácio, que medidas de gestão irá implementar? Neste momento, conta com Coates, Feddal e Neto, e no banco pode ter Matheus Reis e… Ricardo Esgaio. Mas nos treinos, têm aparecido Gilberto Batista, Emanuel Fernandes e João Goulart(que ontem esteve no banco). Quererá isto dizer, que Goulart(21 anos, 1,91) é o próximo nome a ser lançado? Como encaixará José Marsá nestas contas, ou até mesmo, Chico Lamba, que ontem “desceu” aos Sub-19 e foi titular(com Gilberto) na Youth League?
Ricardo Esgaio claramente(e sem surpresa) não tem rotinas para jogar a central, e é debatível se Neto tem características para jogar no meio. No caso de Esgaio, notaram-se as dificuldade para fechar por dentro. Vinagre demonstrou o que já se sabia, a atacar possui atleticismo e técnica, mas a defender(sobretudo, quando comparado com Nuno Mendes), torna-se um perigo para Zouhair Feddal. Talvez, Amorim deva promover mais concorrência para a lateral esquerda nos treinos, fazendo subir Gonçalo Costa e Flávio Nazinho… dito de outra forma, acender uma fogueira debaixo do rabo de Vinagre.
É com igualdade justo dizer-se, que a qualidade de alguns elementos ontem deixou a desejar, mas seria injusto dizer-se que só assim se explica sofrer 5 golos. É claro que colectivamente a equipa jogou mal e mesmo sem qualidade individual, podia e devia ter rendido mais.
No final do Clássico com o FC Porto (ver AQUI), Amorim disse que em jogos daqueles via-se que os jogadores do Sporting ainda não estavam habituados àquele tipo de ambiente. Então que dizer de jogos de Champions? O Sporting que tinha uma defesa de ferro(mas com Coates, Mendes e Inácio) neste jogo desconjuntou-se por completo, enquanto o FC Porto sem um plantel superior se soube bater contra um adversário mais forte, como foi o caso do Atlético de Madrid. Para mim, a diferença foi uma de identidade, o FC Porto já a tem, e mesmo mudando de executantes ao longo dos anos, eles mantêm essa identidade e personalidade forte, enquanto o Sporting ontem pareceu um grupo de “gatinhos” perdidos num bosque e rodeados de lobos famintos.
Texto: A.C.F.
Imagem: Sporting CP.