Uma das principais diferenças “psicológicas” do Sporting da época passada para esta, é que o ano passado, o Sporting não era visto como candidato ao título, enquanto este ano, sendo o Campeão em título, os Sportinguistas e a sua equipa, enfrentam esta temporada já com uma confiança que não é normal há quase 20 anos. Em 2020/21, a candidatura dos “Leões” foi assumida gradualmente, não com discursos, mas em virtude da performance da equipa no Campeonato. Esta época, não vejo uma equipa saciada nas suas ambições, ou aburguesada, vejo sim uma equipa que possui uma auto-estima desportiva fortalecida, e que exige respeito, e demonstra essa exigência, entrando em campo para ganhar sem receio da valia dos adversários.
Para mim, um dos momentos do clássico(ver AQUI), foi quase no final quando João Palhinha faz um corte e celebra como se fosse um golo, os “galões” de Campeão assentam bem a estes rapazes, que não se mostram inibidos ou paralisados pelo “peso” de serem campeões e reais candidatos ao Bi-Campeonato, aceitam a responsabilidade, e assumem-na em campo, com ambição, não só de ganhar, mas de impor a sua ambição a outro candidato(FC Porto). Em suma, jogam com brio e com atitude de Campeões.
Dos 5 centrais disponíveis, para além das limitações ou “incompetência” de Luís Neto e Matheus Reis, Zouhair Feddal para mim já não é um indiscutível, a sua relativa falta de velocidade e dificuldade(quando comparado com Inácio) em sair a jogar, e algumas lesões, colocam-no fora do “Top 2” onde “habitam” Gonçalo Inácio e Sebastián Coates. Se para mim, já era imperativa a vinda de um central destro para “substituir” Inácio na direita, com o “fraquejar” de Feddal, mais imperiosa se torna a necessidade de em Janeiro(ou antes…) vir um central direito que possa render Inácio na esquerda, e assim permitir ao jovem central Português substituir(sem aspas) Feddal na esquerda.
Bem sei, que o ano fiscal não foi brilhante do ponto de vista financeiro(32,9M€ negativos), e isso obrigou a SAD Leonina a usar um “espartilho” ou “cinta” que impediu Hugo Viana de ir buscar mais 1 ou 2 jogadores para este plantel. Mas num mercado em que Eliaquim Mangala, Nicolas N’Koulou, Jemerson, Sidnei, Maicon e Dedé ainda estão disponíveis, atrevo-me a dizer que um central para a direita seria muito útil para fortalecer a nossa candidatura.
Para além dos nomes acima mencionados, também não desdenharia uma troca ou compra de Fábio Cardoso à FC Porto SAD no Natal, o central de 27 anos pouco ou nada tem jogado, pouco parece contar para Sérgio Conceição, e sendo agenciado por Jorge Mendes, é de esperar que estando insatisfeito, mais cedo ou mais tarde irão forçar uma saída. Seria “porreiro” se o treinador do FC Porto o quisesse trocar por Matheus Reis ou Bruno Tabata, o rapaz(Fábio Cardoso) ainda por cima é todo Sportinguista.
Quer-me igualmente parecer, que para além de algum défice de velocidade, dificuldade em sair a jogar, e problemas de lesões, um problema crescente para Feddal, é que é mais difícil ser defesa central atrás de Rúben Vinagre, do que atrás de Nuno Mendes. É igualmente importante dizer que se na 1ª metade da época passada, Pedro Porro era o melhor lateral do Sporting, no computo de toda a época, Nuno Mendes assumiu-se como o melhor lateral do plantel, superior inclusive ao Espanhol. Hoje em dia, Vinagre é um grande atleta, tacticamente é forte, mas no capítulo ofensivo, fica atrás de Porro, quer na vertente física como técnica. Inequivocamente, Porro é superior a Esgaio, e Nuno Mendes era/é superior a Vinagre, são dois grandes suplentes e “herdeiros”, mas são de um nível qualitativo inferior(ainda que elevado).
Neste momento, Pedro Porro é já(outra vez) o melhor lateral direito do campeonato, e suspeito que Esgaio só voltará a jogar para…. render Porro numa 2ª parte, ou para jogar como lateral esquerdo, ou para rodar com Porro quando o Espanhol necessitar de ser gerido, ou Esgaio poderá ainda ser testado a “central direito” quando Inácio jogar na posição de Feddal(ou de Coates).
É indiscutível que Rúben Amorim é um grande treinador, e um Campeão, mas um aspecto no qual raramente me impressiona, é nas substituições, sobretudo, no “timing” das mesmas.
Quanto ao Sporting ter sido Campeão por causa dos estádios estarem esvaziados de adeptos Leoninos. Acredito que haja alguma validade nesse argumento, mas não é menos verdade, que esse trabalho na sombra, em reclusão, permitiu aos jogadores ganharem e entranharem uma confiança, identidade e atitude competitiva, que eles agora já jogam bem, mesmo com os adeptos nas bancadas. E os próprios adeptos sabem que têm uma equipa campeã, e não a podem estragar com a ansiedade de querer apressadamente apupar ou fazer criticas destrutivas.
O “bebé” já saiu da “incubadora”, e está surpreendentemente forte e saudável, apenas necessita que os adeptos sejam sensatos e judiciosos no seu “feedback“.
Mas, não haja ilusões, os jogadores conseguem manter a identidade vencedora com ou sem adeptos, mas duvido que a consigam manter sem o treinador, portanto, lá para o início da Primavera, seria bom sinal e de bom tom, se a SAD lhe voltasse a renovar o contrato, esteja ele já bem posicionado para ser Campeão ou não. A lealdade também se “compra” no timing das medidas de gestão, e com generosidade e voto confiança nos bons e menos bons momentos.
Texto: A.C.F.
Imagem: Sporting CP.