Até ver, um João Mário Eduardo que não era o MVP no Sporting, chegou ao Benfica, e já é o melhor reforço, pelo menos, até ao momento. Mas isso será um elogio a João Mário, ou uma crítica ao plantel do Benfica? Pela minha parte, não tenho ficado impressionado com o que tenho visto de JME nestes jogos de pré-época, não tem sido medíocre, mas também não tem deslumbrado, e o nível de exigência irá subir muito em breve. Os Benfiquistas têm razão para estarem apreensivos e pessimistas.
Versus Marselha, achei que ele foi o… “menos mau”, o que indica que o nível desta equipa de Jorge Jesus está(por agora) nivelado pela mediania. Atendendo ao seu futebol inócuo(ofensivamente), sensaborrão e estéril, quanto mais JM se vai destacando(do resto da equipa) nesta pré-temporada, mais razões terão os Benfiquistas para ficarem ansiosos quanto à qualidade do colectivo.
É comum quando chega um “brinquedo” novo, que ele torna-se o favorito, e de momento, para o que tem mostrado, diria que João Mário em jogos a… “brincar”(“pun intended“) tem sido o jogador mais sobrevalorizado dos Encarnados. É o jogador desportivamente mais sobrevalorizado pelos adeptos, e talvez também o jogador económicamente mais sobrevalorizado pela SAD que lhe paga 4M€ anualmente. Quanto tempo até o seu contrato começar a “estrangular” as “Águias?
Acima de tudo, vejo o mesmo jogador que eu via no Sporting, e que me irritava quando Rúben Amorim não o sentava para dar lugar a Daniel Bragança(que também não está a fazer uma enorme pré-época). O João Mário que eu vejo, é um jogador lento, pouco intenso, que não faz passes de rotura, e que remata pouco, é um jogador “sem sal”. Se tivesse tudo isso, teria vingado no Inter. E numa equipa como a do Benfica, em que os laterais não dão a dinâmica que se espera de um “grande”, maior é a pressão e responsabilidade sobre o “criativo” do meio-campo.
No processo defensivo, é esperar para ver quem vai ser o seu par no miolo, mas com os jogadores que Jorge Jesus testou até agora, nenhum me convence de que em jogos a sério consigam dar conta do recado. JM será exposto e forçado a cometer demasiadas faltas e acumular amarelos. Já no processo ofensivo, ele joga para o equilíbrio, mas arrisca pouco, e consequentemente, não acrescenta em termos criativos. Assim, vejo o Benfica muito dependente dos do costume lá mais à frente no terreno: Pizzi, Everton, e Rafa.
Irá Al Musrati juntar-se ao Benfica depois da Supertaça? Diria que é uma distinta probabilidade, pois o Sporting de Braga tem que fazer 15M€ todos os anos, e até agora, só fez 5,5M€ com Ricardo Esgaio, portanto, ou vende Vítor Tormena ao Sporting, ou terá que vender Al Musrati ao Benfica.
No Sporting em 2020/21, nos 34 jogos que jogou, só jogou 70% dos minutos possíveis, e foi várias vezes substituído por Rúben Amorim quando era necessário dar a volta ao jogo, ou imprimir-lhe outra dinâmica. Ofensivamente, faltam jogadores com dinâmica, criatividade e qualidade no passe longo. Mas em contrapartida, em Pizzi, Julian Weigl e João Mário, o Benfica começa a acusar uma abundância de jogadores contemporizadores, elementos capazes de definir os momentos de jogo no meio campo, mas a capacidade para criarem oportunidades claras de golo tem escasseado. João Mário tem sido a cara da equipa: lento, cauteloso e previsível.
Na minha opinião, João Mário é um jogador formatado para um meio-campo a 3, tendo ele sido formado para jogar em 4-3-3, e cuja melhor posição para ele parece ser a de “8”, mas não um “8” “box-to-box“, mas sim um “8” com um “envelope de acção” reduzido. Ajuda a defender, a recuperar e a criar jogo, mas fá-lo de forma muito zonal e restrict. Não constrói em progressão, têm havido excepções, mas como regra geral, não faz parte do seu perfil recuar para defender dobrando o “6“. Surpreende-me que em vez do 4-4-2 clássico e o 3-4-3, que Jorge Jesus não teste um 4-3-3 com Pizzi a “10” e um “6” a sério(portanto, não Weigl) a proteger as costas de Pizzi e JM.
Texto: A.C.F.
Imagem: SL Benfica.